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NO AR
Tolerância zero
NELSON DE SÁ
da Reportagem Local
O GLOBOCOP mostrou os
esparsos manifestantes na
entrada do hotel Maksoud Plaza, "nos Jardins". Nada se ouviu
deles, mas FHC entrou pelos
fundos, espumando:
- Me alegra chegar aqui e encontrar os mal-educados xingando minha mãe e não pô-los
na cadeia. Mais vale a democracia do que sufocá-los.
"Sufocá-los", "pô-los na cadeia": o presidente dizia de sua
"tolerância democrática" diante do protesto, mas as expressões
seguiam outra direção.
Da tolerância democrática do
início, passou logo para a defesa
da "tolerância zero" contra a
"invasão de prédios públicos feita pelo MST". E mais:
- Sou tolerante, além dos limites, mas não dá mais. A sociedade quer dar um basta!
Para saber do outro lado, à esquerda, além das distantes imagens do Globocop, era preciso
ouvir a CBN. Do presidente da
Comissão Pastoral da Terra, d.
Tomas Balduíno, sobre os episódios da última semana, citando
a morte do sem-terra:
- O governo errou muito mais
na repressão às manifestações.
FHC estava tão exaltado em seu
discurso que sobrou para ACM,
indiretamente, ao falar da votação do salário mínimo:
- É tão baixo e tão pequeno
pensar que com US$ 100 se resolve o problema. É só raciocinar
um pouco. US$ 100 não resolve.
É demagogia pura!
Adiante, mais exaltado:
- Quem estiver do nosso lado
votará a favor (dos R$ 151).
Quem estiver contra está contra
o governo. Está contra mim. Está fora do governo!
O outro lado, à direita, surgiu
na Record. De ACM:
- Acho ruim todo dia essa
ameaça do governo e do próprio
presidente. Os parlamentares
foram eleitos como o presidente,
e ninguém pode ameaçar o outro. Eu acho que é muito pior
parlamentar roubando do que
votando a favor de um salário
mínimo mais alto.
Era ironia, contra a aproximação de FHC e PMDB.
Mário Covas, em apoio a FHC,
também apareceu chamando
ACM de "demagogo" por só defender agora um salário mínimo maior. Mas depois observou
que todo mundo muda:
- Até a Globo muda.
Era ironia, sobre o distanciamento de ACM e Globo.
E-mail - nelsonsa@uol.com.br
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