São Paulo, sexta-feira, 09 de julho de 2004

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TODA MÍDIA - NELSON DE SÁ

O crescimento

Na home do UOL:
- Indústria tem a maior produção da história.
O Jornal Nacional, que deu o "recorde histórico" em sua primeira manchete, ouviu de um economista:
- O ritmo do crescimento é surpreendente. Se a trajetória de crescimento continuar, vamos observar um PIB acima de 4% neste ano.
Na Globo On Line, lia-se uma analista do IBGE afirmar que "em maio se conseguiu ver, pela primeira vez, uma recuperação clara dos setores voltados para o mercado interno".
Com isso tudo rolando, sem falar dos projetos que vão sendo aprovados no Congresso, Lula era obrigado ontem a responder perguntas sobre as pressões do ruidoso presidente argentino, Néstor Kirchner.
Deu um jeito de misturar as coisas e saiu declarando aos sites, rádios e televisões que a barreira aos eletroeletrônicos erguida pela Argentina, na verdade, "não é um problema":
- É o resultado do crescimento.
E acrescentou, para não desagradar o colega:
- Dos dois países.

ERA PREVISÍVEL

Reprodução

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Sites falam em "gesto conciliador" e menos "tensão"


Pelos sites dos jornais argentinos, o ministro da Economia, mas nem tanto o presidente Néstor Kirchner, se esforçava ontem em minimizar o conflito com o Brasil. O ministro "descartou outras restrições" e disse que, nos eletroeletrônicos, "se houver acordo entre as empresas, as medidas não vão se aplicar".
Já Kirchner posou ao lado de Lula e teria conseguido do presidente brasileiro o compromisso para "um desenvolvimento industrial conjunto".
Enquanto isso, segundo o argentino "Ambito Financiero", "estão sendo remarcados nos supermercados os preços dos eletrodomésticos, em conseqüência direta das restrições. Era previsível".
 

Ao que parece, o conflito vai além do comércio. Segundo sites chilenos, o ministro da Defesa argentino, que "havia se comprometido" com a colega chilena, desistiu da visita conjunta que fariam ao Haiti. Estão lá os ministros do Brasil, do Chile e do Uruguai.
- As autoridades argentinas não deram explicação.

Oportunidades

Vicente Fox foi para segundo plano, empurrado por Kirchner. Mas a Globo e a CNN em espanhol não querem deixar passar a aproximação entre México e Brasil.
Para quem anda preocupado com o antiamericanismo no Brasil, o presidente mexicano é a ponte ideal. Na Globo, destacavam ontem que "o México já faz parte do Nafta, o acordo norte-americano de comércio".
E que, além da associação do país ao Mercosul, "está sendo negociado um acordo de comércio México-Brasil". Por sinal, "os dois únicos países latino-americanos com mais de 100 milhões de habitantes".
Os ministros de parte a parte, em reuniões, "se impressionaram com a quantidade de oportunidades". O próprio Fox saiu dizendo, segundo o "Valor" de ontem, que está de olho principalmente em parcerias com Embraer e Petrobras.
O país seria um antídoto ao vaivém argentino.

 

Das instituições trôpegas à "causa do desenvolvimento latino-americano", no dizer de Fox, tudo parece aproximar brasileiros e mexicanos.
Por exemplo, na reportagem do site do "New York Times" -e depois no JN:
- Dezenas de imigrantes ilegais do Brasil e do México, doentes pelo calor e precisando de comida e água, foram presos no Texas.


Comemoração
A Lei de Falências passou -e o jornal econômico "Financial Times" saiu comemorando. Ou melhor, destacou que:
- Os investidores [externos] comemoram o marco da Lei de Falências do Brasil.
Segundo o jornal, ela "vai dar a eles maior segurança e ajudar a reduzir as taxas de juros, que estão entre as maiores do mundo". Bom argumento.

Gratidão
Da Argentina, também o ministro Antonio Palocci comemorou. Ou melhor, segundo o JN, "agradeceu" aos congressistas brasileiros a aprovação de "leis importantíssimas".
Não falou em juros.

PPP
Mas o comentarista do JN Franklin Martins afirma que ainda falta a PPP:
- Não dá para dormir sobre os louros, não. A Parceria Público-Privada é decisiva para atrair investimentos para energia, estradas, portos etc.

Os têxteis
O vice José Alencar comprou uma fábrica de têxteis na Argentina. Segundo o "La Nación", "causou preocupação entre os empresários algodoeiros com a expansão brasileira".

Os camarões
A revista "Economist" destacou ontem a vitória dos produtores de camarão dos EUA, que conseguiram aumentar as taxas sobre importações da China e do Vietnã. Notou a revista que "as tarifas devem elevar os preços internos em 44%".
Quanto ao camarão do Brasil, segundo o "Valor", dependendo das taxas a serem impostas até o fim do mês, elas podem até beneficiar o país. Que herdaria a fatia de China e Vietnã.

Japão, sim
A celebrada China não foi, mas o Japão se fez presente na reunião do Mercosul. Segundo a agência Kyodo, o país "expressou sua vontade de aumentar as relações" e disse que há "muito espaço" para negócios.


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