São Paulo, sábado, 09 de julho de 2005

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Pré-candidato, Jucá deve sair da Previdência

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Previdência, senador Romero Jucá (PMDB-RR), investigado sob acusação de desviar dinheiro público, confirmou ontem que quer disputar a eleição -logo, deverá sair do governo. O presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, também disse ontem que sairia do cargo. Ele disputará o Senado por Sergipe em 2006.
A saída de ambos será concretizada na próxima semana com outras mudanças que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende fazer no ministério. Lula deve promover mudanças de ministros e presidentes de estatais que desejem disputar eleição em 2006 até a próxima terça-feira.
Jucá ficou apenas quatro meses como ministro da Previdência depois de sofrer desgaste com uma série de denúncias que surgiram. O STF (Supremo Tribunal Federal) investiga Jucá por supostas irregularidades no empréstimo concedido à empresa Frangonorte, de Roraima.
A empresa pertenceu a Jucá entre 1994 e 1997. O Basa (Banco da Amazônia) cobra do ministro e de seu ex-sócio Getúlio Cruz uma dívida de R$ 25 milhões do FNO (Fundo Constitucional do Norte). O dinheiro provém de recursos públicos.
Jucá também foi acusado de ter dado como garantia do empréstimo, sete fazendas inexistentes no Amazonas, em agosto de 1996. Só depois dessas garantias é que o Basa aceitou liberar a segunda parte do empréstimo. A apresentação das falsas garantias foi revelada pela Folha em 28 de março.
O caso da Frangonorte é um dos mais notáveis na história do senador. Jucá entrou como sócio da empresa em dezembro de 1994, quando ela já devia R$ 4,61 milhões ao Basa (Banco da Amazônia), ao Banco do Brasil (R$ 202 mil) e ao INSS (R$ 36 mil).
O empréstimo com o Basa foi liberado pelo FNO para a instalação de um abatedouro de frangos em Boa Vista (RR). Apesar dos repasses, a empresa não estava funcionando para cumprir o projeto original aprovado pelo banco. Jucá não desembolsou um centavo para entrar no negócio. Para explicar o motivo pelo qual teria se tornado sócio de um empreendimento com tantas dívidas e desativado, Jucá culpou o banco. "O Basa pediu, ele estava com um abacaxi nas mãos e pediu para se assumir", afirmou.
O senador se tornou sócio da empresa junto com o ex-governador de Roraima Getúlio Cruz.


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