São Paulo, quinta-feira, 09 de agosto de 2007

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Aliados usam a CPMF para exigir cargos

VALDO CRUZ
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os partidos aliados estão usando a prorrogação da CPMF para chantagear o governo, o que levou o Planalto a decidir apressar a nomeação de cargos de segundo escalão e a liberação recursos de emendas para garantir a aprovação da contribuição.
Se fosse colocada em plenário hoje, segundo a Folha apurou, a medida não seria aprovada por conta de promessas feitas e não cumpridas pelo Planalto. Aliados já batizaram a votação de "porta da esperança": a chance de arrancar benesses.
Exemplo: o PP ameaça, nos bastidores, criar dificuldades na votação da medida caso o ex-deputado de Santa Catarina Leodegar Tiscoski não seja nomeado para a Secretaria de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades.
A Casa Civil não gostaria de mudar o comando da secretaria, por estar envolvida no PAC. A ministra Dilma Rousseff, contudo, foi avisada de que se o pedido do PP não for atendido há risco de racha no partido na votação da CPMF. Por conta da pressão, o PP recebeu ontem a promessa de que a nomeação sai nos próximos dias.
Ao PMDB, Lula já deu sua palavra de que nomeará Luiz Paulo Conde para a presidência de Furnas. Mas a nomeação ainda não foi confirmada. Por essa razão, o relatório do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sobre a CPMF na Comissão de Constituição e Justiça saiu propondo repartir 29% da arrecadação do imposto com Estados e municípios.
O PR pressiona pela indicação de apadrinhados em diretorias do Porto de Santos. Responsável pela área, o ministro Pedro Britto (Secretaria Especial de Portos) levou uma lista com nomes para as diretorias dos portos no país. Sua intenção é colocar fim nas indicações políticas na área, mas Lula pediu um tempo para decidir.
No caso das emendas, deputados dizem que o ritmo de empenho dos recursos -a fase em que o dinheiro é reservado para liberação- está satisfatório, mas o pagamento efetivo não tem ocorrido. Segundo descrição ouvida pela Folha na Câmara, é o mesmo que "dar com uma mão e tirar com a outra".


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