São Paulo, domingo, 9 de agosto de 1998

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Ciro Gomes vê recessão

da Sucursal de Brasília

O candidato do PPS à Presidência da República, Ciro Gomes, acha que o presidente Fernando Henrique Cardoso não será reeleito. Mas, se for, "o segundo mandato já começará em emergência, com dois cenários possíveis, um ruim e outro péssimo".
Ciro explica o porquê: "A dívida pública explodiu e 78% do patrimônio privatizável já era. Mas fazer um pacote fiscal espetacular depois das eleições vai ser o fim. Vai matar politicamente o FHC".
Além da expansão da dívida pública, Ciro destaca o crescente déficit fiscal e o que ele considera "mais explosivo": o desequilíbrio das contas externas.
Ex-ministro da Fazenda no governo Itamar, como FHC, Ciro descreve o Brasil de hoje como "um país parado, estagnado, proibido de crescer, com um desemprego galopante".
Classifica de "balela" a promessa da equipe de FHC de que a prioridade de um eventual segundo mandato seria social.
"Nisso o Gustavo Franco (presidente do BC) tem razão: não há recursos para a área social", disse Ciro, referindo-se a recente entrevista de Franco. Para ele, Franco pode ter sido sincero por um motivo: "Ele está se blindando para preparar a demissão, porque sabe que não tem jeito".
Mais duro e mais agressivo do que Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ele acha o ministério de FHC "muito chinfrim": "Tem até Renan Calheiros na Justiça".
Sobre FHC, diz: "Envelheceu nos ideais, contemporizou com quem não devia, meteu-se num emaranhado de acordos do qual não consegue sair".
Qualquer presidente eleito, diz Ciro, terá muitos problemas para controlar a economia. Só restaria a FHC tomar quatro medidas logo de saída: 1) fazer um pacto, interno e externo, para reequilibrar as contas; 2) fechar os cofres; 3) alargar as bandas do câmbio; 4) retomar a alta dos juros.
"Ou seja, o cenário do segundo mandato é de recessão, não de crescimento e geração de empregos como eles dizem." (EC)


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