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"Não sou morto-vivo", diz ex-ferroviário aposentado
da Reportagem Local
Aposentado este ano, com salário de R$ 520 mensais depois de
trabalhar como ferroviário no Rio
e zelador de prédios em São Paulo,
Wlademiro diz que jamais participou de atividade política.
Folha - Por que o sr. abandonou
sua família em 69 e desapareceu?
WlademiroAbandonei porque
estava decepcionado.
Folha - Algum motivo específico?
WlademiroEu me sentia frustrado e vim para São Paulo, para
arranjar alguma coisa melhor. E
foi passando o tempo, foi passando o tempo... aí eu fiquei.
Folha - O sr. diz que nunca teve
atividade política.
WlademiroGraças a Deus, não.
Nunca fui político. Também nunca fui chamado de "Miro".
Folha - O sr. tinha o apelido de
"Pé-de-pombo"?
WlademiroNão, eu era chamado de "Pé-de-palhaço", porque tinha um defeito na sola dos pés.
Folha - E a que o sr. atribui esse
mistério em torno de sua atividade
política e de sua suposta morte?
WlademiroA uma falta de coordenação dos órgãos competentes.
Eu não sou a pessoa a quem eles se
propuseram a indenizar.
Folha -O sr. não conheceu outra
pessoa na Rede Ferroviária que tivesse o mesmo nome seu?
WlademiroNão. Eu vim saber
disso quando fui procurado pelo
meu filho. Eu não sou um morto-vivo. Deviam procurar o verdadeiro "Miro", que não sou eu.
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