São Paulo, domingo, 9 de agosto de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Não sou morto-vivo", diz ex-ferroviário aposentado

da Reportagem Local

Aposentado este ano, com salário de R$ 520 mensais depois de trabalhar como ferroviário no Rio e zelador de prédios em São Paulo, Wlademiro diz que jamais participou de atividade política.

Folha - Por que o sr. abandonou sua família em 69 e desapareceu?
Wlademiro
Abandonei porque estava decepcionado.
Folha - Algum motivo específico?
Wlademiro
Eu me sentia frustrado e vim para São Paulo, para arranjar alguma coisa melhor. E foi passando o tempo, foi passando o tempo... aí eu fiquei.
Folha - O sr. diz que nunca teve atividade política.
Wlademiro
Graças a Deus, não. Nunca fui político. Também nunca fui chamado de "Miro".
Folha - O sr. tinha o apelido de "Pé-de-pombo"?
Wlademiro
Não, eu era chamado de "Pé-de-palhaço", porque tinha um defeito na sola dos pés.
Folha - E a que o sr. atribui esse mistério em torno de sua atividade política e de sua suposta morte?
Wlademiro
A uma falta de coordenação dos órgãos competentes. Eu não sou a pessoa a quem eles se propuseram a indenizar.
Folha -O sr. não conheceu outra pessoa na Rede Ferroviária que tivesse o mesmo nome seu?
Wlademiro
Não. Eu vim saber disso quando fui procurado pelo meu filho. Eu não sou um morto-vivo. Deviam procurar o verdadeiro "Miro", que não sou eu.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.