RONI LIMA
da Sucursal do Rio

Um ano depois da morte do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, antigos amigos e colaboradores estão tendo de trabalhar cada vez mais para manter sua luta contra a fome e a miséria no país.
Hoje, primeiro aniversário da morte de Betinho, as pessoas que conviviam com ele estarão lembrando, antes de tudo, sua capacidade de pensar projetos e mobilizar a sociedade, o que o transformava num símbolo.
"O que falta é aquele cara agitador de idéias. A perda não foi do Ibase, mas do Brasil todo", diz Jaime Patalano, 57, diretor financeiro do Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas), organização não-governamental que era dirigida pelo sociólogo.
"A perda do Betinho é muito mais ampla do que se pode imaginar", afirma o coordenador-geral do Comitê Rio da Ação da Cidadania contra a Fome e a Miséria e pela Vida, Maurício Andrade, 47. Ele reclama que ficou difícil divulgar a campanha contra a fome após a morte de Betinho.
"Ele tinha uma visibilidade para a mídia eletrônica e isso dava gás para as pessoas em outros Estados", completa Andrade.
No Rio, base do movimento de combate à fome idealizado por Betinho, a mobilização parece não ter sido ainda afetada. Um parâmetro é a campanha do Natal sem Fome, que em 97 arrecadou 100 mil cestas de alimentos básicos no Grande Rio -contra 80 mil em 96, quando Betinho ainda era vivo.
No Ibase, a rotina de trabalho também continua. Mas, para o coordenador de globalização do instituto, Atila Roque, 38, fazem falta as idéias de Betinho e também a sua capacidade de mobilizar a mídia para divulgar os estudos feitos pelo Ibase.
A ONG vai marcar a passagem de um ano da morte do sociólogo com o lançamento de um CD-ROM e de um livro e com a promoção de uma campanha contra a fome no Nordeste e de atividades infantis.
Amanhã, o Ibase promove no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), no centro do Rio, a partir das 18h, o evento "Mais um Ano com Betinho". A programação inclui o lançamento do CD-ROM "Sementes de Solidariedade".
No CD-ROM, que reúne textos e imagens relacionados à indigência no país, o próprio Betinho narra a história, de 1993 a 1997, da Ação da Cidadania contra a Fome e a Miséria e pela Vida.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice