São Paulo, domingo, 9 de agosto de 1998

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Empresa tem vínculo estatal

da enviada especial

A principal empresa de telefonia fixa (Telesp) e a maior empresa de telefonia celular (Telesp Celular) do Brasil foram compradas por companhias européias com vínculo estatal.
O governo português tem 25% do capital da Portugal Telecom e, embora não tenha o controle da companhia, é seu principal acionista individual.
O governo vai se retirar completamente do capital da companhia só no ano 2000, quando se dará também a quebra do monopólio da Portugal Telecom na telefonia local fixa e na de ligações de longa distância.
O governo espanhol tem uma presença bem menor no capital da Telefónica da España: possui uma ação especial -"golden share", ou ação de ouro- que lhe dá poder de veto em decisões da companhia que envolvam os altos interesses do Estado.
Por exemplo: se, com a internacionalização da companhia, seus acionistas decidissem transferir a sede da empresa para o Brasil, o governo espanhol exerceria seu poder de veto para impedir a mudança.

Portugal
Na Portugal Telecom, a presença do Estado é mais forte. É o governo quem indica o presidente da companhia. O atual presidente, Francisco Murteira Nabo, foi ministro das Comunicações e governador de Macau.
Na privatização do Sistema Telebrás, o governo brasileiro não só abriu mão de continuar influenciando nas decisões da empresa com uma "golden share", como também optou por vender todo o bloco de controle acionário, de uma só vez.
Espanha e Portugal venderam as ações de forma pulverizada, por etapas, e fizeram questão de fazer com que parte das ações fosse adquirida pela classe média.

Ações diluídas
No Brasil, o governo diluiu o capital das empresas telefônicas estatais com o lançamento de ações no mercado financeiro e com os planos de autofinanciamento para instalação de linhas telefônicas, nos quais o consumidor pagava R$ 1.170,00 pela linha, mas recebia valor equivalente em títulos da Telebrás.
Ao privatizar o Sistema Telebrás, o governo tinha apenas 19,26% do capital total da holding, embora ainda detivesse o controle das ações com direito a voto, que perfazem apenas um terço do capital total.
Os outros dois terços dos títulos da ex-estatal são ações da empresa sem direito a voto dos acionistas.
A Portugal Telecom comprou 51% do capital com direito a voto da Telesp Celular, e o consórcio liderado pela Telefónica de España comprou 51% do capital votante da ex-estatal Telesp fixa.
Com exceção do governo português, que tem 25% do capital, nenhum acionista individual da Portugal Telecom pode ter mais de 5% da empresa.
A proporção máxima por acionista é similar na Espanha.



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