São Paulo, quinta, 9 de outubro de 1997.



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Vieira quer usar dinheiro de precatórios em obras

da Agência Folha, em Florianópolis

Livre do impeachment, o governador de Santa Catarina, Paulo Afonso Vieira (PMDB), 39, quer os R$ 350 milhões apurados pelo Estado com a emissão de títulos, que estão bloqueados no Banco Central, para investir em obras. Legalmente, os recursos só podem ser usados para quitar precatórios.
"Como os demais (Estados) assim o fizeram, e não houve nenhum tipo de ação, eu não vejo porque Santa Catarina deva ser punido", disse o governador.
Santa Catarina emitiu R$ 604 milhões em títulos para pagamento de precatórios, mas a CPI dos Precatórios do Senado, que apurou as irregularidades na emissão e uso dos recursos, conseguiu bloquear no BC parte desse dinheiro (R$ 350 milhões). A CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado deve se manifestar sobre o destino desses recursos. Leia trechos da entrevista concedida pelo governador depois do arquivamento do impeachment.

Pergunta - A liberação dos R$ 350 milhões bloqueados no Banco Central é uma prioridade agora?
Paulo Afonso Vieira - É uma ação a ser desenvolvida, à medida que só Santa Catarina teve um tratamento distinto nesse processo. Nós acreditamos ter esse direito a exemplo do que aconteceu com as demais unidades da Federação.
Pergunta - Se o Estado conseguir esses recursos, que são para pagar precatórios, o sr. gastará em obras?
Vieira - Como os demais assim o fizeram, e não houve nenhum tipo de ação, é evidente que não vejo porque Santa Catarina deva ser punido.
Pergunta - O senhor sempre teve confiança no arquivamento do pedido de impeachment?
Vieira - Há algum tempo que eu tenho um sentimento forte de confiança, de justiça, de que esse processo golpista não prosperaria, que nós iríamos conseguir sensibilizar deputados para que não fizessem parte desse tipo de conchavo.
Pergunta - O que significa exatamente "sensibilizar" deputados? A oposição diz que eles foram comprados.
Vieira - Eu acho que isso é uma agressão gratuita, descabida e entendo que a Assembléia deva tomar providências contra esse tipo de declaração.
Pergunta - Existe resistência à sua candidatura de uma ala do PMDB, dita "histórica" e identificada com o vice-governador José Augusto Hulse.
Vieira - A minha recandidatura não é a prioridade neste instante. Poderei ser candidato, já disse que gostaria de ser, mas essa deve ser a vontade do partido.
Pergunta - O senhor acredita que o partido vai chegar à convenção com um candidato consensual?
Vieira - É muito provável.



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