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EUA apuram infração a lei contra corrupção
DE WASHINGTON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A MetroRED, empresa controlada pelo grupo Fidelity e que
constrói redes de fibras óticas, está sendo investigada nos EUA por
suposta violação ao Foreign Corrupt Practice Act, uma lei norte-americana da década de 70 que
pune companhias norte-americanas envolvidas em suborno de autoridades estrangeiras.
A investigação começou por
uma denúncia sigilosa da própria
Fidelity ao Departamento de Justiça norte-americano, feita preventivamente para limitar a punição da Justiça aos executivos envolvidos no caso e impedir que a
companhia seja condenada.
Em abril passado, a MetroRED
nos EUA divulgou nota informando ter, no princípio de 1999,
tomado conhecimento "pela primeira vez de certos pagamentos,
eventualmente irregulares, efetuados por antigos administradores da MetroRED Brasil".
Segundo a nota, tais pagamentos "foram efetuados a pessoas
nos EUA, podendo os beneficiários finais terem sido pessoas residentes no Brasil". A nota acaba
informando: "Qualquer ato eventualmente irregular foi praticado
por pessoas que não mais trabalham para MetroRED Brasil ou
outra empresa da MetroRED Telecom Group".
Na denúncia, o grupo reconheceu que alguns de seus diretores
fizeram pagamentos "eventualmente indevidos" no exterior para que a Prefeitura de São Paulo
autorizasse a instalação de cabos
de fibras óticas na cidade em 1998.
Segundo a Fidelity, os pagamentos teriam sido feitos por intermédio da Overland Advisory
Services, empresa sediada em
Miami que pertence ao empresário Oscar de Barros. José Maria
Teixeira Ferraz é sócio de Barros
em alguns negócios.
Em abril deste ano, a Folha teve
acesso a uma intimação detalhada
com a qual o FBI vasculhou, em
janeiro, o escritório da Overland
atrás de documentos, impressões
digitais e extratos bancários relacionados ao caso.
A intimação menciona os nomes de Flávio Maluf, filho de Paulo Maluf (ex-prefeito de São Paulo
e atual candidato a voltar ao cargo), e de mais sete pessoas. Uma
delas, Joaquim Romeu Teixeira
Ferraz, é primo de José Maria Teixeira Ferraz e amigo de Flávio.
Em entrevista à Folha em abril,
Flávio Maluf admitiu que é amigo
de Joaquim Ferraz, mas negou
envolvimento com o caso.
"É meu amigo. Eu sabia que tinha um Ferraz em Miami porque
o Joaquim tinha me contado, mas
não conheço o cara", disse.
Há três nomes de ex-diretores
da MetroRED demitidos pela Fidelity: Lance Cawley, Plínio Guilherme e Jorge Luiz Frederich Vital. Além deles, são citados, na intimação, os nomes do empresário
Paulo Sérgio Rosa e do reverendo
presbiteriano Caio Fábio d'Araújo Filho. Rosa e Caio Fábio estão
também envolvidos na confecção
e na negociação do dossiê Caribe
(conjunto de papéis sem autenticidade comprovada que sugerem
a existência de uma conta secreta
em paraíso fiscal da cúpula tucana).
(MA e KA)
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