São Paulo, segunda-feira, 09 de outubro de 2000

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EUA apuram infração a lei contra corrupção

DE WASHINGTON

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A MetroRED, empresa controlada pelo grupo Fidelity e que constrói redes de fibras óticas, está sendo investigada nos EUA por suposta violação ao Foreign Corrupt Practice Act, uma lei norte-americana da década de 70 que pune companhias norte-americanas envolvidas em suborno de autoridades estrangeiras.
A investigação começou por uma denúncia sigilosa da própria Fidelity ao Departamento de Justiça norte-americano, feita preventivamente para limitar a punição da Justiça aos executivos envolvidos no caso e impedir que a companhia seja condenada.
Em abril passado, a MetroRED nos EUA divulgou nota informando ter, no princípio de 1999, tomado conhecimento "pela primeira vez de certos pagamentos, eventualmente irregulares, efetuados por antigos administradores da MetroRED Brasil".
Segundo a nota, tais pagamentos "foram efetuados a pessoas nos EUA, podendo os beneficiários finais terem sido pessoas residentes no Brasil". A nota acaba informando: "Qualquer ato eventualmente irregular foi praticado por pessoas que não mais trabalham para MetroRED Brasil ou outra empresa da MetroRED Telecom Group".
Na denúncia, o grupo reconheceu que alguns de seus diretores fizeram pagamentos "eventualmente indevidos" no exterior para que a Prefeitura de São Paulo autorizasse a instalação de cabos de fibras óticas na cidade em 1998.
Segundo a Fidelity, os pagamentos teriam sido feitos por intermédio da Overland Advisory Services, empresa sediada em Miami que pertence ao empresário Oscar de Barros. José Maria Teixeira Ferraz é sócio de Barros em alguns negócios.
Em abril deste ano, a Folha teve acesso a uma intimação detalhada com a qual o FBI vasculhou, em janeiro, o escritório da Overland atrás de documentos, impressões digitais e extratos bancários relacionados ao caso.
A intimação menciona os nomes de Flávio Maluf, filho de Paulo Maluf (ex-prefeito de São Paulo e atual candidato a voltar ao cargo), e de mais sete pessoas. Uma delas, Joaquim Romeu Teixeira Ferraz, é primo de José Maria Teixeira Ferraz e amigo de Flávio.
Em entrevista à Folha em abril, Flávio Maluf admitiu que é amigo de Joaquim Ferraz, mas negou envolvimento com o caso.
"É meu amigo. Eu sabia que tinha um Ferraz em Miami porque o Joaquim tinha me contado, mas não conheço o cara", disse.
Há três nomes de ex-diretores da MetroRED demitidos pela Fidelity: Lance Cawley, Plínio Guilherme e Jorge Luiz Frederich Vital. Além deles, são citados, na intimação, os nomes do empresário Paulo Sérgio Rosa e do reverendo presbiteriano Caio Fábio d'Araújo Filho. Rosa e Caio Fábio estão também envolvidos na confecção e na negociação do dossiê Caribe (conjunto de papéis sem autenticidade comprovada que sugerem a existência de uma conta secreta em paraíso fiscal da cúpula tucana). (MA e KA)


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