São Paulo, segunda-feira, 09 de outubro de 2000

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SÃO PAULO
Pepebista, que aparece atrás em pesquisa Datafolha sobre o segundo turno, diz que a rival petista "fumou maconha", "não tem ética" e é "ignorante" administrativamente

Maluf parte para ataque pessoal a Marta

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Paulo Maluf (PPB) partiu ontem para a estratégia do tudo ou nada para tentar chegar à Prefeitura de São Paulo. Fazendo ataques pessoais e tentando desmoralizar a adversária Marta Suplicy (PT), o pepebista afirmou que ela "nunca teve ética" porque declarou ter fumado maconha na década de 70.
A afirmação de Maluf foi feita após publicação de pesquisa Datafolha que dá ao pepebista 28% das intenções de voto no segundo turno, contra 58% para Marta.
Desqualificar a adversária petista faz parte da tática malufista para o segundo turno, apesar de a decisão ser criticada por pepebistas que avaliam que o candidato poderá ver ressuscitados casos polêmicos envolvendo seu nome, como o Frangogate -suposta venda de frangos superfaturados feita por empresas da família de Maluf para a prefeitura.
A intenção do pepebista em desmoralizar a adversária foi um dos motivos que levaram o publicitário Nelson Biondi a sair da coordenação da campanha do PPB para o segundo turno, segundo a Folha apurou.
No entanto, Maluf diz que não pretende "baixar o nível" da campanha municipal. "São fatos, e os fatos precisam ser mostrados."
Além da declaração sobre uso de maconha, Maluf afirmou ter uma lista telefônica que, segundo ele, prova que a petista não tem ética na "vida privada, no lar e na educação dos filhos". Questionado sobre o documento, limita-se a dizer que trata-se de "uma lista telefônica de casos a relatar sobre a vida pregressa da candidata".
"Não vou revelar (os nomes), não quero baixar o nível. Mas essa lista telefônica tem nomes de São Paulo, de Brasília e até da Bahia. Para ter ética na vida pública, é preciso ter ética na vida privada. E isso ela nunca teve", disse Maluf.
Na campanha eleitoral, o pepebista deve retomar ainda questões polêmicas como a ampliação do direito ao aborto e a defesa da parceria civil entre pessoas do mesmo sexo -propostas defendidas por Marta Suplicy.
"Vou mostrar que o PT é o partido da baixaria. Vou reverter as pesquisas mostrando que eu tenho condição para ser prefeito e que a dona Marta tem condição para ser dondoca", afirmou.

Isolamento
Isolado politicamente, o pepebista afirmou que Marta é "ignorante" em termos administrativos, mesmo recebendo o apoio do governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), e do ex-governador Orestes Quércia (PMDB).
"Mesmo com o apoio do Covas, do Quércia e do Lula (Luiz Inácio Lula da Silva), a dona Marta do PT é uma ignorante em assuntos administrativos. Ela é fruto de uma candidatura produzida em estúdio de televisão, maquiada como uma grã-fina nos salões de beleza do Jardim América."
Maluf afirmou que espera ter votos de petistas, de tucanos e principalmente dos eleitores do senador Romeu Tuma (PFL).
"O fato de alguém ter manifestado apoio (a Marta), não quer dizer que o voto vai para ela. Os votos do Tuma vêm para mim. Do mesmo modo, sei que terei votos de tucanos e de petistas", disse.
Para o pepebista, as atitudes de Tuma e de Marta são incompatível . "Por exemplo, o senador combateu as drogas. Já a dona Marta, em entrevista aos jornais, disse que fuma maconha. Tuma sempre foi muito duro com os bandidos, e o PT sempre foi parcimonioso", afirmou o candidato.
"A dona Marta nunca administrou nada, nem a casa dela. Não educou nem os filhos, que foram estudar na Europa. Vamos ser francos, o padrão de educação dos filhos dela não é o dos filhos brasileiros", afirmou o candidato.



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