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RIO
Rompimento com PDT no Estado pode afetar composições para a Presidência
PT atribui derrota à aliança de 98
ANTONIO CARLOS DE FARIA
DA SUCURSAL DO RIO
A derrota do PT no Rio de Janeiro vai dificultar as futuras alianças
que a direção nacional do partido
pretenda fazer para viabilizar
uma candidatura presidencial em
2002.
Os petistas fluminenses prometem resistir a novas pressões que
envolvam o sacrifício do partido
no Estado, evitando acordos como o feito para a eleição do governador Anthony Garotinho (PDT).
O acordo foi a condição imposta
por Brizola para ser o vice de Lula
nas eleições de 1998.
"Sempre que possível vamos ter
nossos próprios candidatos", afirma o deputado federal Jorge Bittar, que coordenou a campanha
de Benedita da Silva, foi defensor
da aliança com Garotinho e hoje
faz uma crítica desse apoio.
"Acreditávamos que Garotinho
viesse para modernizar a prática
política do PDT, mas ele mostrou
que seu projeto é autoritário e
personalista", afirma Bittar, para
quem uma das causas da derrota
de Benedita foi o rompimento de
um compromisso de apoio feito
por Garotinho e Brizola em 1998.
O governador reconhece que o
acordo para apoiar Benedita existiu, mas diz que ele foi rompido
por Brizola quando o presidente
do PDT resolveu lançar sua própria candidatura. Brizola sempre
negou ter feito qualquer acordo.
Causas da derrota
O Rio foi o Estado em que os petistas tiveram o pior desempenho
no país, ficando fora da eleição da
capital e perdendo duas prefeituras no interior: Barra Mansa, onde tentavam a reeleição, e Angra
dos Reis, onde pretendiam eleger
o quarto prefeito consecutivo.
O deputado federal José Genoino (PT-SP) diz que o partido vai
analisar a situação do Rio após as
eleições do segundo turno.
"Todo mundo errou. Não tem
ninguém santo nessa história",
diz o deputado, fazendo referência à falta de empenho dos próprios petistas do Rio na campanha de Benedita. Para ele, o acordo com o PDT, em 1998, serviu
para mostrar que o PT é um partido aberto a alianças.
Naquele ano, o PT do Rio sofreu
intervenção do diretório nacional, que impôs o apoio a Garotinho contra a candidatura própria
de Vladimir Palmeira, ex-deputado federal pelo Rio.
Depois de seguidos conflitos em
que o governador chamou o PT
de "partido da boquinha", os petistas acabaram saindo do seu governo, em abril.
Bittar, que era secretário de Planejamento, foi um dos defensores
do apoio dos petistas a Garotinho
e liderou o movimento para que o
PT continuasse em seu governo.
"Eu continuo acreditando que
as alianças são importantes, mas
estou decepcionado com a experiência que tivemos aqui. Garotinho é um novo Quércia, um político que veio do interior, cresceu e
depois murchou", afirma.
Discursos e apatia
Reunidos na noite de quinta-feira, cerca de 150 militantes do PT
carioca discutiram uma estratégia
para disputa entre Conde (PFL) e
Cesar Maia (PTB), e as causas da
derrota do partido.
A grande presença e os discursos inflamados contrastavam
com a apatia que marcou boa parte da campanha petista no Rio.
Lula foi seis vezes ao Rio para
impulsionar a campanha de Benedita, mas a candidata terminou
o primeiro turno em terceiro lugar, com 22,63% dos votos válidos. Em 1996, Chico Alencar disputou a prefeitura e conseguiu
21,67%, também ficando em terceiro.
A campanha de Alencar foi lançada contra a vontade da direção
nacional do PT, que defendia o
apoio a Miro Teixeira (PDT). Lula
só compareceu ao Rio no último
comício e elogiou a decisão dos
petistas em manter candidatura
própria. Teixeira acabou ficando
em quarto lugar na disputa.
Já naquela época, a tentativa de
apoio a Teixeira era parte da estratégia para conseguir uma futura aliança com o PDT na eleição
presidencial.
Os petistas do Rio vinham crescendo justamente na medida em
que o brizolismo declinava. Brizola sabia disso e fez exigências
que possibilitassem sua sobrevivência política.
A última exigência foi o apoio a
Garotinho, que hoje articula a
derrubada do próprio Brizola da
presidência do PDT.
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