São Paulo, quarta-feira, 09 de outubro de 2002

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ROMBO AMAZÔNICO

Ex-senador da Bahia afirma que desconhece testemunha

Jader volta a rivalizar com ACM e diz ser alvo de "farsa"

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGENCIA FOLHA, EM BELÉM

O ex-senador Jader Barbalho (PMDB-PA) voltou a rivalizar com o seu principal desafeto político, o senador recém-eleito Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), depois de ser eleito o deputado federal mais votado do Pará com 344 mil votos.
Em seu depoimento na Justiça Federal, em Belém (PA), sobre o caso do desvio de dinheiro da Sudam para a Usimar, Jader Barbalho citou duas vezes ACM como responsável pelo que chamou de "farsa" para envolvê-lo nas investigações sobre o caso.
Jader declarou na Justiça que a principal testemunha de acusação contra ele no processo, Amauri Cruz dos Santos, fazia "tráfico de informações" no Congresso e "era uma pessoa ligada ao senador Antônio Carlos Magalhães".
ACM nega que tenha sido responsável por envolver Jader e disse não conhecer Amauri Cruz dos Santos. "Não sei de quem se trata, não conheço essa pessoa e, se não for séria, deve fazer parte da turma de Jader Barbalho, político que envergonha o Brasil".
Santos declarou na Justiça Federal e no Ministério Publico Federal que Jader recebia o correspondente a 20% sobre parte dos recursos para a implantação da Usimar, projeto com sede no Maranhão e que não saiu do papel.
Na denúncia, os procuradores da República afirmam que foram liberados R$ 44,1 milhões para a implantação do projeto, avaliado em R$ 1,8 bilhão.
ACM e Jader foram pivôs de uma batalha política com troca de acusações no Senado Federal no ano passado e renunciaram para evitar abertura de processo contra eles no Conselho de Ética.
Jader renunciou por causa de denúncias de desvio de recursos no Banpará (Banco do Estado do Pará) e na extinta Sudam e ACM foi um dos responsabilizados pela violação do painel eletrônico durante a votação da cassação do ex-senador Luiz Estevão (DF).
Após seu depoimento na Justiça Federal, Jader foi irônico em relação ao senador baiano quando questionado por jornalistas: "Não conheço este senhor. No Pará, eu não sei quem ele é. Confesso que minha preocupação ao voltar ao Congresso é fazer Justiça a essa avalanche de votos. O que interessa a um político é o julgamento da população que ele representa".
Jader foi ouvido pelo juiz federal Rubens Rollo D'Oliveira, da 3ª Vara Federal. Na denúncia, o Ministério Publico Federal chama o ex-senador de "controlador do esquema Sudam" e cita os números de seis cheques, no valor total de R$ 2,4 milhões, como prova de que Jader recebeu o correspondente a 20% incidentes sobre parte dos recursos liberados para a implantação do projeto Usimar.
Segundo os procuradores, os cheques eram entregues ao doleiro José Samuel Benzecry, dono da casa de câmbio Cruzeiro, em Belém, e ele "providenciava a lavagem final dos recursos, convertendo-os em moeda estrangeira ou nacional, a critério do denunciado Jader Barbalho, remetendo ou não quantias para o exterior".


Colaborou LUIZ FRANCISCO, da Agência Folha, em Salvador



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