São Paulo, quarta-feira, 09 de outubro de 2002

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PALANQUES ESTADUAIS

Situação é de equilíbrio em São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, mas candidato tucano está em desvantagem em relação a Lula no Rio, Bahia e Paraná, nos quais não tem aliados fortes

Seis grandes Estados podem definir disputa no segundo turno

RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, larga em vantagem sobre seu oponente, o senador José Serra (PSDB), na soma de apoios que reúne nos seis maiores colégios eleitorais do país, que somam juntos 62% de todo o eleitorado nacional.
Enquanto existe equilíbrio em São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, com ligeira vantagem para um ou outro lado, Lula está em melhor situação no Rio de Janeiro, Bahia e Paraná.
Segundo cientistas políticos ouvidos pela Agência Folha, as oscilações nesses seis Estados, com pequena contribuição de outros sete que estão na faixa entre 2% e 5% do eleitorado, cada um, definirão os rumos da eleição.
Talvez a melhor situação de Lula esteja na Bahia do senador eleito Antonio Carlos Magalhães (PFL), o quarto maior colégio, com 7,4% dos eleitores do país. O petista já obteve expressiva votação, 55,3% dos votos válidos, contra 46,4% de sua média nacional, e tem agora o apoio de ACM: ou seja, o petista, além de contar com o voto anticarlista (o PT ficou em segundo lugar na eleição para governador, com 38,5% de votos válidos), terá agora grande parte do voto fiel ao carlismo. Na Bahia, o PFL elegeu o governador, dois senadores e 19 deputados federais.
No Rio, segundo maior colégio eleitoral (8,9%), Lula tem o suporte da significativa parcela da população que sempre vota com a esquerda e, dependendo do apoio que receber do ex-governador Anthony Garotinho (PSB) -que foi o mais votado no Estado, com 42,2% dos votos válidos- pode melhorar ainda mais o seu desempenho, que foi de 40,2%.
Para o cientista político José Monroe Eisenberg, do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro), a forma como se dará o apoio de Garotinho e o consequente resultado no Rio serão decisivos para uma vitória ou não de Lula no país.
"Em nenhum colégio eleitoral do Brasil, com exceção do Ceará, a candidatura de Serra foi rechaçada com tanta veemência. Em alguns lugares, como a Baixada Fluminense, ele nem sequer atingiu 5% dos votos. Se Garotinho embarcar de forma contundente na campanha de Lula, o Rio pode decidir a eleição a favor do petista", acredita Eisenberg.
Ele parte do pressuposto de que Lula precisaria, para ter a segurança da eleição, de mais 7,5 milhões de novos votos (contabilizada uma margem de cerca de 10% de eleitores que votaram em Lula, mas que, no segundo turno, podem mudar para Serra). No Rio, atendidos os pressupostos acima, ele teria capacidade de obter, segundo Eisenberg, mais 3 milhões, desempenho que não conseguiria repetir em nenhum outro Estado.
"Paradoxalmente, os resultados desfavoráveis do PT na disputa estadual do Rio e de Minas podem reverter em grandes benefícios à candidatura Lula. Se houvesse um segundo turno no Rio confrontando os candidatos do PT e do PSB, dificilmente Garotinho apoiaria Lula", disse.
Em relação a Minas, o cientista político afirma que, apesar de o tucano Aécio Neves, que venceu no primeiro turno, poder puxar votos para Serra, a não-realização de segundo turno entre PSDB e PT no Estado libera o governador Itamar Franco (que apoiava Aécio e Lula) para "atuar de forma mais agressiva a favor do petista".
O governador mineiro, que está sem partido, deu declaração ontem pedindo total empenho de seus aliados para ajudar Lula.
Nos sete Estados de médio peso político, que somam 23,1% do eleitorado nacional, dois apontam melhor situação para Serra, Pernambuco (4,7%) e Goiás (2,9%), um para Lula, Maranhão (2,9%). Outros quatro mostram situação equilibrada. Cabe ressalvar que em alguns Estados os apoios não são automáticos. Em Santa Catarina, Luiz Henrique anunciou voto em Lula, mesmo sendo do PMDB aliado de Serra.



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