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PALANQUES ESTADUAIS
Situação é de equilíbrio em São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, mas candidato tucano está em desvantagem em relação a Lula no Rio, Bahia e Paraná, nos quais não tem aliados fortes
Seis grandes Estados podem definir disputa no segundo turno
RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, larga
em vantagem sobre seu oponente,
o senador José Serra (PSDB), na
soma de apoios que reúne nos seis
maiores colégios eleitorais do
país, que somam juntos 62% de
todo o eleitorado nacional.
Enquanto existe equilíbrio em
São Paulo, Minas Gerais e Rio
Grande do Sul, com ligeira vantagem para um ou outro lado, Lula
está em melhor situação no Rio de
Janeiro, Bahia e Paraná.
Segundo cientistas políticos ouvidos pela Agência Folha, as oscilações nesses seis Estados, com
pequena contribuição de outros
sete que estão na faixa entre 2% e
5% do eleitorado, cada um, definirão os rumos da eleição.
Talvez a melhor situação de Lula esteja na Bahia do senador eleito Antonio Carlos Magalhães
(PFL), o quarto maior colégio,
com 7,4% dos eleitores do país. O
petista já obteve expressiva votação, 55,3% dos votos válidos, contra 46,4% de sua média nacional, e
tem agora o apoio de ACM: ou seja, o petista, além de contar com o
voto anticarlista (o PT ficou em
segundo lugar na eleição para governador, com 38,5% de votos válidos), terá agora grande parte do
voto fiel ao carlismo. Na Bahia, o
PFL elegeu o governador, dois senadores e 19 deputados federais.
No Rio, segundo maior colégio
eleitoral (8,9%), Lula tem o suporte da significativa parcela da população que sempre vota com a
esquerda e, dependendo do apoio
que receber do ex-governador
Anthony Garotinho (PSB) -que
foi o mais votado no Estado, com
42,2% dos votos válidos- pode
melhorar ainda mais o seu desempenho, que foi de 40,2%.
Para o cientista político José
Monroe Eisenberg, do Iuperj
(Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro), a forma
como se dará o apoio de Garotinho e o consequente resultado no
Rio serão decisivos para uma vitória ou não de Lula no país.
"Em nenhum colégio eleitoral
do Brasil, com exceção do Ceará, a
candidatura de Serra foi rechaçada com tanta veemência. Em alguns lugares, como a Baixada Fluminense, ele nem sequer atingiu
5% dos votos. Se Garotinho embarcar de forma contundente na
campanha de Lula, o Rio pode decidir a eleição a favor do petista",
acredita Eisenberg.
Ele parte do pressuposto de que
Lula precisaria, para ter a segurança da eleição, de mais 7,5 milhões de novos votos (contabilizada uma margem de cerca de 10%
de eleitores que votaram em Lula,
mas que, no segundo turno, podem mudar para Serra). No Rio,
atendidos os pressupostos acima,
ele teria capacidade de obter, segundo Eisenberg, mais 3 milhões,
desempenho que não conseguiria
repetir em nenhum outro Estado.
"Paradoxalmente, os resultados
desfavoráveis do PT na disputa
estadual do Rio e de Minas podem reverter em grandes benefícios à candidatura Lula. Se houvesse um segundo turno no Rio
confrontando os candidatos do
PT e do PSB, dificilmente Garotinho apoiaria Lula", disse.
Em relação a Minas, o cientista
político afirma que, apesar de o
tucano Aécio Neves, que venceu
no primeiro turno, poder puxar
votos para Serra, a não-realização
de segundo turno entre PSDB e
PT no Estado libera o governador
Itamar Franco (que apoiava Aécio
e Lula) para "atuar de forma mais
agressiva a favor do petista".
O governador mineiro, que está
sem partido, deu declaração ontem pedindo total empenho de
seus aliados para ajudar Lula.
Nos sete Estados de médio peso
político, que somam 23,1% do
eleitorado nacional, dois apontam melhor situação para Serra,
Pernambuco (4,7%) e Goiás
(2,9%), um para Lula, Maranhão
(2,9%). Outros quatro mostram
situação equilibrada. Cabe ressalvar que em alguns Estados os
apoios não são automáticos. Em
Santa Catarina, Luiz Henrique
anunciou voto em Lula, mesmo
sendo do PMDB aliado de Serra.
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