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Medida que autorizou viagem de
ministra à Argentina é irregular
ANDRÉA MICHAEL
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A exposição de motivos de número 18, mediante a qual a Presidência autorizou a ida da ministra
Benedita da Silva (Assistência Social) a Buenos Aires, foge às regras
da administração pública para
viagens pagas pelo erário. Publicado no "Diário Oficial" da União
de 24 de setembro, o extrato da
exposição revela como razão da
viagem o "12º Desayuno Anual de
Oración", um café da manhã que
reuniria entidades religiosas em
Buenos Aires no dia seguinte.
A autorização das viagens de
quaisquer servidores públicos segue o disposto em três decretos: o
1.387 e o 91.800, ambos de 1995, e
o 2.349, de 1997.
O 1.387 revela em que condições
a viagem será bancada total ou
parcialmente pelo Estado: negociação ou formalização de contratações internacionais, missões
militares, prestação de serviços
diplomáticos, aperfeiçoamento
relacionado com a atividade fim
do órgão ou entidade de necessidade reconhecida pelo ministro,
intercâmbio cultural ou para cursar bolsas de estudo de pós-graduação. Em seu terceiro parágrafo, o decreto explicita: "Nos casos
não previstos neste artigo, as viagens somente poderão ser autorizadas sem ônus".
O 1.387 remete ao 91.800, que
por sua vez elenca as possibilidades de viagem para servidores cujo objetivo da viagem é "aperfeiçoamento". O decreto 2.349, de
1997, faz um adendo ao 1.387, de
1995. Abre a possibilidade de o
servidor participar, "com ônus limitado" para os cofres públicos,
de "congressos internacionais".
Mas há uma ressalva. A viagem só
pode ser feita para "serviço ou
aperfeiçoamento relacionado
com a atividade fim do órgão ou
entidade de necessidade reconhecida pelo ministro de Estado".
Anteontem, o PSDB encaminhou ao procurador-geral da República, Claudio Fonteles, representação contra a ministra, que é
evangélica. Argumenta que a viagem configura ato de improbidade administrativa e pede o afastamento de Benedita do cargo imediatamente, em caráter liminar,
enquanto o caso é investigado.
O líder tucano no Senado, Arthur Virgílio (AM), entrou com
ação popular na Justiça pedindo
ressarcimento dos gastos.
À época, a ministra informou
que houve um erro administrativo de sua pasta ao não enviar sua
agenda completa na Argentina
para a Casa Civil. A agenda oficial
incluiu um encontro com a ministra de Desenvolvimento Social da
Argentina, Alicia Kirchner.
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