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Tudo está sepultado, afirma Corrêa
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), ministro Maurício Corrêa, disse que "tudo está
sepultado pelo tempo", referindo-se à polêmica sobre a validade
de artigos incluídos no texto da
Constituição sem o processo regular de votação.
Outros ministros do STF, entre
os quais Carlos Britto, também
entendem que não há o que ser
contestado do ponto de vista jurídico. Britto afirmou que, quando
a Constituição foi promulgada,
todos os seus dispositivos foram
automaticamente convalidados.
Corrêa voltou a criticar ontem o
vice-presidente do Supremo, Nelson Jobim, que o sucederá em
maio de 2004, por ele ter revelado
que participou como deputado
constituinte, em 1988, de acordo
para incluir artigos na última hora, no momento da revisão para
ajustes de redação.
"Estou perplexo diante dessas
últimas afirmações [de que cinco
e não dois dispositivos teriam sido inseridos na última hora]. De
qualquer maneira, em seguida
houve uma revisão constitucional. Inclusive o relator era o ministro Jobim. Parece-me que na
própria revisão esses artigos automaticamente deveriam ter sido
então reexaminados ou pelo menos chancelados em face dela."
Para Corrêa, a comissão de redação terá extrapolado em sua tarefa de fazer "ajustes gramaticais"
se tiver efetivamente inserido
normas inexistentes no texto submetido às votações iniciais.
"Como o próprio nome diz, a
comissão de redação tem a incumbência apenas de examinar a
parte do vernáculo, adaptando à
melhor forma para a compreensão de qualquer pessoa. Se houve
alterações fora daquilo que foi
aprovado, evidentemente houve
uma extrapolação da competência da comissão."
O ministro, que também foi
constituinte, afirmou ainda que a
assinatura de todos os deputados
e senadores e a revisão corroboraram o teor da Constituição. "Todos os constituintes assinaram.
Além do mais, depois disso veio a
revisão constitucional, mais uma
vez homologando o que havia sido introduzido de uma forma que
não foi lá muito ortodoxa."
Na segunda-feira, Corrêa colocara em dúvida a veracidade da
declaração de Jobim sobre um
acordo firmado entre ele e o presidente do Congresso constituinte,
deputado Ulysses Guimarães, para inserir dois artigos, inclusive o
que dispõe sobre a independência
entre os Poderes da República.
Sobre a questão, Carlos Britto
disse: "Se a Constituição foi promulgada com esses artigos, está
tudo convalidado". Na opinião
desse ministro, é "irrelevante" [do
ponto de vista jurídico] se houve
ou não a votação anterior à apreciação da redação final.
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