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CAMPO MINADO
Conflito fundiário pode ter causado as mortes; polícia ainda procura assassinos e possíveis desaparecidos
Confronto mata pelo menos três em RO
EDUARDO SCOLESE
JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA
Pelo menos dois trabalhadores
rurais e um segurança de uma fazenda morreram anteontem durante confronto na cidade de Nova Mamoré (RO). Policiais civis e
militares estão desde ontem vasculhando a área, de difícil acesso,
que fica a 250 km de Porto Velho,
em busca de pistas dos assassinos
e de eventuais desaparecidos.
Os corpos do posseiro Devair
Cordeiro Verbano, 52, de seu filho
Evaldo Hilton Margoto Verbano,
26, e do segurança Rodrigo Steffani Rahagnani, 26, foram encaminhados para o IML (Instituto Médico Legal) de Ariquemes (198 km
da capital).
"Os policiais que recolheram os
corpos relataram que eles tinham
marcas de tiros e de facadas, mas
precisamos do laudo médico para
confirmar isso", declarou o delegado-regional Antônio Sobral,
responsável pelas investigações.
Até o final da tarde de ontem, as
autoridades locais não tinham
pistas dos assassinos nem sequer
detalhes do confronto. Invasão de
terra e roubo de madeira estão entre as primeiras hipóteses avaliadas pela polícia do Estado. Ao lado de cinco PMs, sete policiais civis da delegacia-regional de Ariquemes, responsável pela região,
chegaram ao local na tarde de ontem para começar investigações.
O crime ocorreu no distrito
Campos Novos, em Nova Mamoré, nas imediações da fazenda
Schumman, de propriedade de
um madeireiro da região. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário, o ouvidor agrário
nacional, Gercino José da Silva Filho, chegará hoje a Rondônia para
acompanhar as investigações.
Entre janeiro e agosto deste ano,
o governo federal registrou em
Rondônia uma invasão de terra e
dois assassinatos por conflitos
fundiários. Em 1995, a morte de
dez sem-terra e dois PMs num
confronto em Corumbiara (sul do
Estado) trouxe repercussão internacional negativa para o início do
então governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
A região de Nova Mamoré, localizada em mata fechada e repleta
de madeireiros, tem sido palco de
intensas disputas de terra. Segundo o Incra (Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária),
trata-se de área com porções de
terras particulares, devolutas (do
Estado, mas griladas) e da União.
Nada, porém, está demarcado,
o que facilita a ação dos posseiros
e impossibilita a identificação da
propriedade onde ocorreu o confronto. Nos últimos quatro meses,
segundo o Incra, o número de
posseiros acampados na região de
Nova Mamoré cresceu 400%, de
600 para 3.000.
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