UOL

São Paulo, quinta-feira, 09 de outubro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CAMPO MINADO

Conflito fundiário pode ter causado as mortes; polícia ainda procura assassinos e possíveis desaparecidos

Confronto mata pelo menos três em RO

EDUARDO SCOLESE
JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA

Pelo menos dois trabalhadores rurais e um segurança de uma fazenda morreram anteontem durante confronto na cidade de Nova Mamoré (RO). Policiais civis e militares estão desde ontem vasculhando a área, de difícil acesso, que fica a 250 km de Porto Velho, em busca de pistas dos assassinos e de eventuais desaparecidos.
Os corpos do posseiro Devair Cordeiro Verbano, 52, de seu filho Evaldo Hilton Margoto Verbano, 26, e do segurança Rodrigo Steffani Rahagnani, 26, foram encaminhados para o IML (Instituto Médico Legal) de Ariquemes (198 km da capital).
"Os policiais que recolheram os corpos relataram que eles tinham marcas de tiros e de facadas, mas precisamos do laudo médico para confirmar isso", declarou o delegado-regional Antônio Sobral, responsável pelas investigações.
Até o final da tarde de ontem, as autoridades locais não tinham pistas dos assassinos nem sequer detalhes do confronto. Invasão de terra e roubo de madeira estão entre as primeiras hipóteses avaliadas pela polícia do Estado. Ao lado de cinco PMs, sete policiais civis da delegacia-regional de Ariquemes, responsável pela região, chegaram ao local na tarde de ontem para começar investigações.
O crime ocorreu no distrito Campos Novos, em Nova Mamoré, nas imediações da fazenda Schumman, de propriedade de um madeireiro da região. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário, o ouvidor agrário nacional, Gercino José da Silva Filho, chegará hoje a Rondônia para acompanhar as investigações.
Entre janeiro e agosto deste ano, o governo federal registrou em Rondônia uma invasão de terra e dois assassinatos por conflitos fundiários. Em 1995, a morte de dez sem-terra e dois PMs num confronto em Corumbiara (sul do Estado) trouxe repercussão internacional negativa para o início do então governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
A região de Nova Mamoré, localizada em mata fechada e repleta de madeireiros, tem sido palco de intensas disputas de terra. Segundo o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), trata-se de área com porções de terras particulares, devolutas (do Estado, mas griladas) e da União.
Nada, porém, está demarcado, o que facilita a ação dos posseiros e impossibilita a identificação da propriedade onde ocorreu o confronto. Nos últimos quatro meses, segundo o Incra, o número de posseiros acampados na região de Nova Mamoré cresceu 400%, de 600 para 3.000.


Texto Anterior: Passarinho apóia artigos irregulares
Próximo Texto: Panorâmica - Rondônia: Garimpeiros fecham estrada contra proibição de trabalhar em reserva indígena
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.