CATIA SEABRA
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar do assédio do ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, e de senadores do partido, o deputado Campos Machado anunciou ontem o apoio do PTB à reeleição do prefeito Gilberto Kassab (DEM). Vice da chapa de Geraldo Alckmin (PSDB) à Prefeitura de São Paulo, Machado disse que "elementos de altíssima envergadura" do PTB pediram que aderisse à campanha de Marta Suplicy (PT).
"Os companheiros de Brasília achavam que o fato novo do segundo turno seria que os votos do Geraldo Alckmin ficassem lá, companheiros de Brasília ligaram para mim, insistentemente no domingo, insistentemente na segunda-feira, e insistentemente ontem [terça]", contou, sem citar nomes.
A Folha apurou que se trata de Múcio. Nas conversas, os petebistas teriam sugerido que o deputado conversasse com Gilberto Carvalho, chefe-de-gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas, segundo relato feito pelo deputado estadual a tucanos, a conversa não ocorreu.
A abordagem ao PTB faz parte da estratégia petista de investida sobre as "viúvas" de Alckmin. O próprio Alckmin foi procurado pelo vice de Marta, Aldo Rebelo (PC do B), com quem sempre manteve relação de cordialidade. O ex-governador, no entanto, não ligou de volta para o comunista. Machado falou duas vezes com Kassab desde o domingo.
Mas, tradicional aliado do PSDB, atribuiu sua decisão também à amizade com o chefe da Casa Civil, Aloizio Nunes Ferreira. Reiterou ter conversado com o secretário sobre o apoio. A pedido de Ferreira, o PTB deverá investir nas franjas da cidade. A exemplo do que acontecerá com os candidatos a vereador do PSDB, os comitês do PTB serão mantidos, agora pela campanha de Kassab.
Machado diz que o apoio foi fechado "sem nenhuma exigência prévia, sem nenhum prévio compromisso". Mas admite: "Se o prefeito achar que temos condições de participar do governo, ele é o prefeito".
Sem ter se coligado com o PSDB para a Câmara, o PTB elegeu três vereadores. Campos diz que "talvez tenha cometido um erro com os vereadores". "Eu não vi o PSDB nas ruas nesta eleição", queixou-se.
Ferreira negocia também com o PHS e com o PSDC. Ele conversou ainda com o PPS, de Soninha. O PPS submete hoje a Kassab uma lista de propostas para a cidade. Mas o ato de apoio ao prefeito já está programado para segunda, com a presença do presidente da sigla, Roberto Freire. Soninha, porém, resiste a dar uma declaração de apoio a Kassab e diz que prefere assistir ao evento.
O governador José Serra (PSDB) disse ontem não acreditar que alckmistas apóiem a candidatura de Marta para tentar impedir a vitória de Kassab. "Não acredito [que essa hipótese se concretize]. Quem conhece lá sabe disso", afirmou.
Serra se reuniu à tarde com o presidente Lula para tratar da obra do ferroanel e desconversou sobre temas eleitorais. Disse que os dois só fizeram algumas brincadeiras relacionadas aos resultados das eleições.
Ao ser informado que Lula ironizou o desempenho do PSDB segunda-feira, em reunião do Conselho Político, ao dizer que os tucanos perderam prefeituras importantes e fatia do eleitorado, Serra respondeu: "Não sabia. Se soubesse, teria perguntado a ele quais".