São Paulo, quinta-feira, 09 de outubro de 2008

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JANIO DE FREITAS

A força da lógica


Chegou a ocasião de louvar e agradecer a capacidade que economistas e notáveis das finanças têm de dar mancadas

OS ECONOMISTAS e os notáveis das finanças são unânimes em admitir que ignoram as dimensões da crise financeira. E, como complemento, na certeza de que os Estados Unidos, entrando em recessão de alcance também imprevisível, vão arrastar o mundo para destino semelhante. Há aí bem testados motivos para não aumentarmos as inquietações a que o mundo, quando em seu estado normal, já nos obriga.
Previsões são e não são especialidade dos economistas e dos habitantes de Bolsas e adjacências. São, no sentido de que as fazem sem cessar, sempre exibidos em uma certeza divinatória e em superioridade sobre-humana, que a natureza não explica. E não são, no sentido de que as previsões não escapam, jamais, ao seu fim comum de desastres, em geral ridículos. O que não impede a multiplicação dos escritórios que ganham para prever o PIB, a inflação, o crescimento, a Bolsa, o aumento populacional. Nada disso sequer aproximado do que a realidade mostrará. Não importa, economistas e pessoal das Bolsas são os oráculos da imprensa, da TV e do rádio, em um jogo de reciprocidades muito interessante para os dois lados: os jornalistas preenchem espaços e, com isso, os declarantes são promovidos, quer dizer, valorizados. Jogo em que os economistas & cia. não são os únicos coadjuvantes beneficiários do jornalismo.
Logo agora é que esses errados de sempre iriam acertar? Chegou, enfim, a imprevisível ocasião de louvarmos e agradecermos a capacidade que têm de dar mancadas. É vital que não traiam, nesta hora, a sua vocação, que não se façam desmoralizar. Para isso, além do nosso incentivo contam até com um apoio que nunca encontraram: o da lógica. Diz ela que, se erram tudo sobre o mundo convencional, o que prevejam para o mundo excepcional tem a tendência inexorável de também chocar-se com o resultado real. Afinal de contas, honram ou não a lógica do erro, que abraçaram com tanto êxito?
E, se nenhum economista nos ouve, ainda se pode dizer isto: o vigor econômico dos Estados Unidos é de um gigantismo incalculável. Nem se sabe se as guerras que trava, com toda naturalidade, em duas frentes -Iraque e Afeganistão- ainda somam centenas de bilhões ou já entraram pelo trilhão de dólares, mas, apesar disso, se tiveram algum efeito econômico, foi positivo. Ativaram mais a indústria bélica que há quase um século é um dos pilares do país. Lançar em recessão verdadeira os Estados Unidos surgidos da Segunda Guerra é algo que não ainda não parece despontar na história.

Moita
É legítimo suspeitar que a tal crise é obra sorrateira, ao menos em grande parte, da sorte extraordinária e permanente de Lula. A crise assumiu ares tétricos exatamente quando assim veio encobrir que os principais candidatos de Lula não tiveram o êxito antecipado e, dos 94 outros aos quais doou gravações de apoio, perto de metade não se elegeu.
Não é à toa que Lula, outra vez muito exaltado, não fala de eleição. Só da crise.


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