São Paulo, sábado, 09 de dezembro de 2000

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Texto critica governo petista no RS

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Uma publicação do Diretório Estadual do PT do Rio Grande do Sul, a ser lançada na próxima semana, deverá conter um texto que acusa o governo Olívio Dutra (PT) de "autoritário", "messiânico", "financista" e "tecnocrático". O autor é o ex-secretário da Administração Jorge Buchabqui, que deixou o governo em outubro.
O texto será incluído na publicação por interferência do Movimento de Esquerda Socialista, uma tendência do PT que o encampou. O artigo circulará na reunião do diretório que fará um balanço dos dois primeiros anos do governo, nos dias 16 e 17.
De acordo com Buchabqui, o governo "vive uma profunda crise", pois "as dificuldades iniciais estão mantidas e, em algumas áreas, até se aprofundam".
Buchabqui diz que o governo carece de definição quanto aos seus "objetivos, sua centralidade política e priorização das ações".
O ex-secretário afirma que o governo tem se confrontado com aliados e com adversários, em uma postura que revela "surpreendente vocação autoritária".
Destaca como exemplo que o governo "conseguiu" se incompatibilizar com a Farsul (entidade dos proprietários rurais) e com o MST (movimento dos sem-terra).
Buchabqui acrescenta que os petistas "endureceram" o debate da dívida com o governo federal, mas fizeram um "acordo que não atingiu as cláusulas fundamentais do comprometimento da arrecadação e não nos retirou da crise".
Quanto ao relacionamento com os sindicatos dos servidores públicos, Buchabqui diz que o "discurso do ajuste dos gastos de pessoal é duro e a visão é a da completa manipulação ou subordinação aos interesses do governo".
Quando secretário, Buchabqui contou que foi "pautado pela linha hegemônica do ajuste fiscal das contas", restando a ele "promover cortes na folha de pagamentos para diminuir gastos".
Para cortar gastos, escreveu Buchabqui, "pouco importa a sustentação jurídica dos atos ou a afronta a direitos adquiridos".
O ex-secretário disse que o governo "tem trabalhado sempre na perspectiva financista, tecnocrática", já tendo recebido "diversas referências elogiosas da equipe de FHC", pois "cobra a conta principal dos servidores públicos".
O chefe da Casa Civil, Flávio Koutzii, disse que as críticas são "bem-vindas, fecundas e necessárias". Ele declarou que o balanço de dois anos é um momento para avaliar as lições, os problemas e eventuais mudanças estruturais.
Koutzii afirmou que entre as virtudes do governo estão a transparência e a capacidade de discutir os próprios problemas.
"Isso sempre fortaleceu o nosso projeto", completou.














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