|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Texto critica governo petista no RS
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Uma publicação do Diretório
Estadual do PT do Rio Grande do
Sul, a ser lançada na próxima semana, deverá conter um texto que
acusa o governo Olívio Dutra
(PT) de "autoritário", "messiânico", "financista" e "tecnocrático".
O autor é o ex-secretário da Administração Jorge Buchabqui, que
deixou o governo em outubro.
O texto será incluído na publicação por interferência do Movimento de Esquerda Socialista,
uma tendência do PT que o encampou. O artigo circulará na
reunião do diretório que fará um
balanço dos dois primeiros anos
do governo, nos dias 16 e 17.
De acordo com Buchabqui, o
governo "vive uma profunda crise", pois "as dificuldades iniciais
estão mantidas e, em algumas
áreas, até se aprofundam".
Buchabqui diz que o governo
carece de definição quanto aos
seus "objetivos, sua centralidade
política e priorização das ações".
O ex-secretário afirma que o governo tem se confrontado com
aliados e com adversários, em
uma postura que revela "surpreendente vocação autoritária".
Destaca como exemplo que o
governo "conseguiu" se incompatibilizar com a Farsul (entidade
dos proprietários rurais) e com o
MST (movimento dos sem-terra).
Buchabqui acrescenta que os
petistas "endureceram" o debate
da dívida com o governo federal,
mas fizeram um "acordo que não
atingiu as cláusulas fundamentais
do comprometimento da arrecadação e não nos retirou da crise".
Quanto ao relacionamento com
os sindicatos dos servidores públicos, Buchabqui diz que o "discurso do ajuste dos gastos de pessoal é duro e a visão é a da completa manipulação ou subordinação aos interesses do governo".
Quando secretário, Buchabqui
contou que foi "pautado pela linha hegemônica do ajuste fiscal
das contas", restando a ele "promover cortes na folha de pagamentos para diminuir gastos".
Para cortar gastos, escreveu Buchabqui, "pouco importa a sustentação jurídica dos atos ou a
afronta a direitos adquiridos".
O ex-secretário disse que o governo "tem trabalhado sempre na
perspectiva financista, tecnocrática", já tendo recebido "diversas
referências elogiosas da equipe de
FHC", pois "cobra a conta principal dos servidores públicos".
O chefe da Casa Civil, Flávio
Koutzii, disse que as críticas são
"bem-vindas, fecundas e necessárias". Ele declarou que o balanço
de dois anos é um momento para
avaliar as lições, os problemas e
eventuais mudanças estruturais.
Koutzii afirmou que entre as
virtudes do governo estão a transparência e a capacidade de discutir os próprios problemas.
"Isso sempre fortaleceu o nosso
projeto", completou.
Texto Anterior: Zeca do PT implantou reforma administrativa Próximo Texto: Mínimo: Vice do STF critica projetos do governo Índice
|