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TRANSIÇÃO
Partido deverá ficar com duas pastas; PDT recusa Comunicações
PT acerta participação do PMDB no ministério de Lula
PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Na tentativa de concluir as negociações para acertar a base aliada do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, o PT acertou ontem o apoio do PMDB, mas ampliou o desentendimento com o
PDT, que não aceitou a oferta do
Ministério das Comunicações.
O deputado federal José Dirceu,
futuro ministro da Casa Civil e
responsável pela articulação política, e o novo presidente do PT,
José Genoino, reuniram-se ontem
em São Paulo, separadamente,
com os presidentes nacionais do
PMDB, deputado federal Michel
Temer, e do PDT, Leonel Brizola.
O PMDB, hoje dividido entre
governistas e oposicionistas em
relação ao presidente Fernando
Henrique Cardoso, deve ter dois
representantes no governo Lula,
um de cada facção.
"Discutimos a hipótese de dois
ministérios, mas não definimos
caminhos nem nomes. Começamos a conversar sobre a participação do PMDB ativamente no
governo. Foi o primeiro contato
oficial. Vamos consultar os companheiros para mais adiante decidir", declarou Michel Temer.
Um dos nomes cotados para o
ministério como representante
do PMDB é o do senador eleito
por Minas Gerais Hélio Costa.
Tem a seu favor o fato de ser do
PMDB e ligado ao governador
Itamar Franco (sem partido).
Costa já se disse interessado no
Ministério das Minas e Energia.
Outro nome citado entre os peemedebistas é o do deputado federal eleito José Aristodemo Pinotti,
que é médico e poderia ocupar o
Ministério da Saúde.
O PT nega que já esteja discutindo cargos com o PMDB. "Ninguém pede cargos. O presidente
Lula é quem convida os integrantes de partidos aliados para participar do governo", disse Dirceu.
O PMDB apoiou formalmente
ao candidato derrotado à Presidência José Serra (PSDB) no primeiro e no segundo turno. Mas
governadores eleitos pelo partido,
como Roberto Requião (PR) e
Luiz Henrique (SC), e diversas de
suas lideranças fizeram campanha para Lula.
O problema é que o PMDB tem
de resolver sua divisão interna,
tanto na sugestão de dois nomes
de ministeriáveis como na escolha do presidente do Senado
-José Sarney (AP), que tem o
apoio dos oposicionistas, e Renan
Calheiros (AL), que é o candidato
do chamado PMDB governista,
disputam o cargo.
Para o ministério, o PT não quer
peemedebistas que tenham participado do governo FHC.
Além da recusa do PDT ao Ministério das Comunicações
-considerado pelo partido sem
importância depois das privatizações e pela força da agência reguladora do setor, Dirceu tenta contornar as insatisfações do PL.
"Não é fato que existam crises,
problemas insolúveis nas relações
com os partidos. Estamos mantendo uma série de conversações.
O que acontece é que há reivindicações legítimas, propostas, que
estão sendo analisadas pelo presidente eleito. É natural que façamos reuniões, é natural e legítimas que existam reivindicações,
que podem ou não ser atendidas",
afirmou o petista.
O presidente nacional do PDT
tentou evitar um tom de crise para a recusa ao Ministério das Comunicações. "Continuamos a
manter nosso apoio incondicional e irrestrito ao governo de Lula,
mesmo se ficarmos sem cargos no
governo", declarou Brizola.
O deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ), com boas relações
com os petistas no Congresso, é
um dos nomes citados como ministeriável do partido. Advogado
e jornalista, Miro gostaria de ser o
titular do Ministério da Justiça,
para o qual deve ser nomeado o
advogado Márcio Thomaz Bastos, amigo de Lula e ligado ao PT.
Colaborou a Folha Online
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