São Paulo, segunda-feira, 09 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRANSIÇÃO

Partido deverá ficar com duas pastas; PDT recusa Comunicações

PT acerta participação do PMDB no ministério de Lula

PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Na tentativa de concluir as negociações para acertar a base aliada do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, o PT acertou ontem o apoio do PMDB, mas ampliou o desentendimento com o PDT, que não aceitou a oferta do Ministério das Comunicações.
O deputado federal José Dirceu, futuro ministro da Casa Civil e responsável pela articulação política, e o novo presidente do PT, José Genoino, reuniram-se ontem em São Paulo, separadamente, com os presidentes nacionais do PMDB, deputado federal Michel Temer, e do PDT, Leonel Brizola.
O PMDB, hoje dividido entre governistas e oposicionistas em relação ao presidente Fernando Henrique Cardoso, deve ter dois representantes no governo Lula, um de cada facção.
"Discutimos a hipótese de dois ministérios, mas não definimos caminhos nem nomes. Começamos a conversar sobre a participação do PMDB ativamente no governo. Foi o primeiro contato oficial. Vamos consultar os companheiros para mais adiante decidir", declarou Michel Temer.
Um dos nomes cotados para o ministério como representante do PMDB é o do senador eleito por Minas Gerais Hélio Costa. Tem a seu favor o fato de ser do PMDB e ligado ao governador Itamar Franco (sem partido). Costa já se disse interessado no Ministério das Minas e Energia.
Outro nome citado entre os peemedebistas é o do deputado federal eleito José Aristodemo Pinotti, que é médico e poderia ocupar o Ministério da Saúde.
O PT nega que já esteja discutindo cargos com o PMDB. "Ninguém pede cargos. O presidente Lula é quem convida os integrantes de partidos aliados para participar do governo", disse Dirceu.
O PMDB apoiou formalmente ao candidato derrotado à Presidência José Serra (PSDB) no primeiro e no segundo turno. Mas governadores eleitos pelo partido, como Roberto Requião (PR) e Luiz Henrique (SC), e diversas de suas lideranças fizeram campanha para Lula.
O problema é que o PMDB tem de resolver sua divisão interna, tanto na sugestão de dois nomes de ministeriáveis como na escolha do presidente do Senado -José Sarney (AP), que tem o apoio dos oposicionistas, e Renan Calheiros (AL), que é o candidato do chamado PMDB governista, disputam o cargo.
Para o ministério, o PT não quer peemedebistas que tenham participado do governo FHC.
Além da recusa do PDT ao Ministério das Comunicações -considerado pelo partido sem importância depois das privatizações e pela força da agência reguladora do setor, Dirceu tenta contornar as insatisfações do PL.
"Não é fato que existam crises, problemas insolúveis nas relações com os partidos. Estamos mantendo uma série de conversações. O que acontece é que há reivindicações legítimas, propostas, que estão sendo analisadas pelo presidente eleito. É natural que façamos reuniões, é natural e legítimas que existam reivindicações, que podem ou não ser atendidas", afirmou o petista.
O presidente nacional do PDT tentou evitar um tom de crise para a recusa ao Ministério das Comunicações. "Continuamos a manter nosso apoio incondicional e irrestrito ao governo de Lula, mesmo se ficarmos sem cargos no governo", declarou Brizola.
O deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ), com boas relações com os petistas no Congresso, é um dos nomes citados como ministeriável do partido. Advogado e jornalista, Miro gostaria de ser o titular do Ministério da Justiça, para o qual deve ser nomeado o advogado Márcio Thomaz Bastos, amigo de Lula e ligado ao PT.


Colaborou a Folha Online

Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Prioridade é trazer o PTB para base de apoio
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.