São Paulo, quinta-feira, 09 de dezembro de 2004

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ATRÁS DA PORTA

Governistas condenam prazo para entregar cargo

Na sala da reunião, gritos e socos na mesa

Alan Marques/Folha Imagem
Fora da sala, jornalistas acompanham os gritos na reunião da Executiva Nacional do PMDB


LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Por quatro horas a portas fechadas, com gritos e socos na mesa, governistas e oposicionistas da Executiva do PMDB travaram duelo. Até Ulysses Guimarães, fundador da sigla, morto em 1992, foi lembrado.
"A governabilidade se dá no Parlamento. Eu não posso passar à história sob o império de quem o PMDB naufragou", disse o deputado Michel Temer (SP), presidente do partido.
A Folha conseguiu ouvir mais de uma hora da reunião. O senador Maguito Vilela (GO), desesperado por ter visto a mesa ser virada contra os governistas, chegou a ficar rouco. "Para que isso de entregar os cargos em 48 horas?", dizia, ao perceber que a permanência de partidários no Executivo anularia esforço para adiar a convenção. "De que adianta fazer uma convenção pífia? Se eu pedir para o diretório de Goiás não vir, vai ver se eles virão. Pensem no Ulysses Guimarães e vamos pela unidade", apelou.
O senador Ney Suassuna (PB) também ameaçou com o não-comparecimento dos paraibanos. A governista Mônica Paes de Andrade, tesoureira da Executiva, atacou: "O Renato Vianna [oposicionista] está tratando os ministros como ele trata os serviçais da casa dele".
Uma piada inusitada sobre a questão criou descontração. "Enquanto continuarem fazendo barulho, eu não voto nada", ameaçou Temer. "Mas eu quero saber quem deu esse prazo de 48 horas", exigiu Maguito. "Foi o Renato Vianna", responderam alguns. E alguém emendou: "É só um aviso prévio!". Todos gargalharam.
Após muita briga, Temer terminou a reunião com a rápida leitura da ata e sua aprovação.


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