São Paulo, quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

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PMDB dá apoio a Chinaglia e base aliada racha na Câmara

Partido exigirá, em troca, que próximo presidente, em 2009, seja peemedebista

Petista teve votos de 46 dos 64 deputados em consulta à bancada; decisão poderá influenciar outras siglas, mas Aldo segue candidato


Lúcio Távora/Folha Imagem
Abraçado pelo presidente do PMDB, Michel Temer, Chinaglia é aplaudido por deputados da sigla


SILVIO NAVARRO
LETÍCIA SANDER
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Principal bancada da Câmara na legislatura que começa em 1º de fevereiro (90 deputados), o PMDB declarou ontem apoio oficial à candidatura de Arlindo Chinaglia (PT-SP) à presidência da Casa. Em troca, foi feito um acordo no qual o PT respaldará um peemedebista para concorrer ao cargo em 2009.
A decisão foi tomada em votação secreta. Dos 64 deputados presentes, 46 optaram por Chinaglia (seis deles em votos enviados por escrito). O presidente da Câmara e candidato à reeleição ao posto, Aldo Rebelo (PC do B-SP), recebeu 11 votos. Seis deputados ficaram neutros, e um votou em branco.
Imediatamente após a proclamação do resultado, Chinaglia seguiu, com aliados, para a sala onde foi realizada a reunião. "Chegamos ao fato político mais importante dessa eleição. Além de honrado, me sinto fortalecido", afirmou.
Disse ainda que o próximo passo, agora, é buscar o aval do PSDB. Em seguida, Chinaglia afirmou que, em 2005, ele abriu mão de disputar a presidência da Casa quando Aldo se apresentou como candidato do Palácio do Planalto.

Ameaça a Aldo
A avaliação entre os parlamentares aliados é que o resultado pressionará Aldo a uma eventual desistência. O aval do PMDB a Chinaglia tem mais peso político do que numérico.
Outros partidos da base aliada deverão trilhar o caminho peemedebista. PTB, PP e PR tendem a anunciar nos próximos dias a adesão a Chinaglia.
Se confirmada a preferência pelo petista entre os partidos aliados, o presidente Lula deve se render à candidatura de Arlindo Chinaglia.
Outra conseqüência provável seria o fortalecimento do PT e do PMDB no Congresso e na reforma ministerial.
O presidente do PMDB, deputado federal Michel Temer (SP), afirmou que o resultado foi uma "opção pelo acordo político" de revezamento com o PT para que os os partidos comandem a Câmara até o fim do segundo mandato de Lula. "A partir de hoje, o PMDB se incorpora à candidatura [de Chinaglia]", disse Temer.
"É uma decisão orientadora", disse Jader Barbalho (PMDB-PA), que trabalhou sem sucesso para esvaziar a reunião.
Jader e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), preferiam Aldo. Renan disputa a reeleição.
"Não que seja a imediata derrota do Aldo, mas descortina que o Chinaglia tem apoio majoritário", afirmou Walter Pinheiro (PT-BA).
Durante toda a tarde, aliados de Aldo trabalharam nos bastidores para tentar esvaziar a reunião do PMDB ou convencer a sigla a adiar sua decisão. Defensor da reeleição de Aldo, o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), foi pessoalmente à reunião da bancada.
No entanto, a articulação de Aldo perdeu força logo no início da reunião, quando Temer anunciou: "Apesar das divergências, hoje temos que ter uma decisão unitária".
O primeiro passo para a decisão peemedebista foi descartar a tese de o partido concorrer ao cargo com um nome próprio, o que inviabilizou também a possibilidade de aderir à chamada "terceira via". O deputado Edinho Bez (PMDB-SC), que havia se apresentado como eventual candidato, desistiu.

Pela tangente
Chinaglia evitou responder se apoiará o aumento do salário dos deputados para R$ 24.500.
Deu a entender que defenderá esse reajuste se toda a Casa aprová-lo.
O petista não respondeu se era a favor do fim do voto secreto e da revisão da imunidade parlamentar, temas defendidos pelo "grupo dos 30", frente suprapartidária que tenta resgatar a imagem do Congresso.


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