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PMDB dá apoio a Chinaglia e base aliada racha na Câmara
Partido exigirá, em troca, que próximo presidente, em 2009, seja peemedebista
Petista teve votos de 46 dos 64 deputados em consulta à bancada; decisão poderá influenciar outras siglas, mas Aldo segue candidato
Lúcio Távora/Folha Imagem
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Abraçado pelo presidente do PMDB, Michel Temer, Chinaglia é aplaudido por deputados da sigla |
SILVIO NAVARRO
LETÍCIA SANDER
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Principal bancada da Câmara
na legislatura que começa em
1º de fevereiro (90 deputados),
o PMDB declarou ontem apoio
oficial à candidatura de Arlindo
Chinaglia (PT-SP) à presidência da Casa. Em troca, foi feito
um acordo no qual o PT respaldará um peemedebista para
concorrer ao cargo em 2009.
A decisão foi tomada em votação secreta. Dos 64 deputados presentes, 46 optaram por
Chinaglia (seis deles em votos
enviados por escrito). O presidente da Câmara e candidato à
reeleição ao posto, Aldo Rebelo
(PC do B-SP), recebeu 11 votos.
Seis deputados ficaram neutros, e um votou em branco.
Imediatamente após a proclamação do resultado, Chinaglia seguiu, com aliados, para a
sala onde foi realizada a reunião. "Chegamos ao fato político mais importante dessa eleição. Além de honrado, me sinto
fortalecido", afirmou.
Disse ainda que o próximo
passo, agora, é buscar o aval do
PSDB. Em seguida, Chinaglia
afirmou que, em 2005, ele
abriu mão de disputar a presidência da Casa quando Aldo se
apresentou como candidato do
Palácio do Planalto.
Ameaça a Aldo
A avaliação entre os parlamentares aliados é que o resultado pressionará Aldo a uma
eventual desistência. O aval do
PMDB a Chinaglia tem mais
peso político do que numérico.
Outros partidos da base aliada deverão trilhar o caminho
peemedebista. PTB, PP e PR
tendem a anunciar nos próximos dias a adesão a Chinaglia.
Se confirmada a preferência
pelo petista entre os partidos
aliados, o presidente Lula deve
se render à candidatura de Arlindo Chinaglia.
Outra conseqüência provável
seria o fortalecimento do PT e
do PMDB no Congresso e na reforma ministerial.
O presidente do PMDB, deputado federal Michel Temer
(SP), afirmou que o resultado
foi uma "opção pelo acordo político" de revezamento com o
PT para que os os partidos comandem a Câmara até o fim do
segundo mandato de Lula. "A
partir de hoje, o PMDB se incorpora à candidatura [de Chinaglia]", disse Temer.
"É uma decisão orientadora",
disse Jader Barbalho (PMDB-PA), que trabalhou sem sucesso
para esvaziar a reunião.
Jader e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), preferiam Aldo. Renan
disputa a reeleição.
"Não que seja a imediata derrota do Aldo, mas descortina
que o Chinaglia tem apoio majoritário", afirmou Walter Pinheiro (PT-BA).
Durante toda a tarde, aliados
de Aldo trabalharam nos bastidores para tentar esvaziar a
reunião do PMDB ou convencer a sigla a adiar sua decisão.
Defensor da reeleição de Aldo,
o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira
(PMDB), foi pessoalmente à
reunião da bancada.
No entanto, a articulação de
Aldo perdeu força logo no início da reunião, quando Temer
anunciou: "Apesar das divergências, hoje temos que ter
uma decisão unitária".
O primeiro passo para a decisão peemedebista foi descartar
a tese de o partido concorrer ao
cargo com um nome próprio, o
que inviabilizou também a possibilidade de aderir à chamada
"terceira via". O deputado Edinho Bez (PMDB-SC), que havia
se apresentado como eventual
candidato, desistiu.
Pela tangente
Chinaglia evitou responder
se apoiará o aumento do salário
dos deputados para R$ 24.500.
Deu a entender que defenderá esse reajuste se toda a Casa
aprová-lo.
O petista não respondeu se
era a favor do fim do voto secreto e da revisão da imunidade
parlamentar, temas defendidos
pelo "grupo dos 30", frente suprapartidária que tenta resgatar a imagem do Congresso.
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