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25 ANOS
Êxito eleitoral do partido é indiferente a apoio do MST, diz Fábio Wanderley
De "centro", PT já não depende da velha base, dizem analistas
DA REDAÇÃO
O PT rumou ao centro, ampliou
sua base e não depende dos movimentos sociais para suas próximas eleições. É o que acredita o
cientista político da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) Fabio Wanderley Reis.
"Não será por causa de apoio do
MST que o Lula irá perder a próxima eleição", diz em referência à
ameaça do MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra)
de romper com o partido, na última semana, caso o governo não
cumpra a meta de famílias assentadas este ano.
Na visão de Reis, ao passo que
tem enfrentado dissidências e críticas da chamada "esquerda do
PT", o partido ganhou penetração
eleitoral acenando para um eleitorado que se distingue de setores
"supostamente ideológicos".
Esse avanço rumo ao centro é
fortalecido, afirma Reis, por "um
certo componente simbólico de
cunho populista" na figura do
presidente Lula. "A origem popular, uma certa mitologia do migrante nordestino, é um fator a
mais de atração para o eleitorado", afirma o professor emérito
da UFMG. Segundo ele, a mudança de rumo aproxima o PT do
PSDB, seu principal rival.
O cientista político Cláudio
Couto também vê deslocamento
do PT ao centro e acredita que é
resultado de moderações que o
partido precisa fazer tanto para
governar quanto para conquistar
votos. "Na medida em que chega
ao governo, o partido é obrigado a
ser mais realista e pragmático, se
afastando de certas bandeiras de
esquerda, que mais apontam para
valores que para políticas públicas exeqüíveis", afirma.
Couto acredita que, assim como
o partido, os movimentos sociais
e sindical tendem a fazer uma trajetória rumo ao centro. "Posturas
como a do PSOL tendem a se tornar residuais, de pouca densidade
eleitoral. O socialismo é uma página virada na história do pensamento e da ideologia", afirma.
Social-democracia
Para Carlos Ranulfo, cientista
político da UFMG, o PT tem lugar
singular no sistema partidário,
com lugar espaçoso à esquerda.
"O PT é o grande partido social-democrata do país", diz.
Ele diz que as mudanças no partido não tornam PSDB e PT equivalentes. "Embora tenha social-democracia no nome, o PSDB é
um partido de elite, que começou
de cima para baixo e chegou muito rápido ao poder. O PT é um
partido de massas tardio".
Para Ranulfo, a conjuntura dificulta a renovação dos quadros da
militância do partido. "Atrair a
juventude hoje é bem diferente do
que há 25 anos. As alternativas de
participação política são muito
maiores", afirma ele, citando movimentos sociais e ONGs. O caminho viável é a profissionalização
da militância."(AMAURI ARRAIS E FLÁVIA MARREIRO)
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