São Paulo, sexta-feira, 10 de março de 2000


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"Justiça é cega, mas não é muda"

da Agência Folha, em Porto Alegre


O presidente eleito do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Paulo Costa Leite, disse ontem que o respeito à Constituição, no que diz respeito ao teto salarial do funcionalismo, é a única forma de evitar a "farra salarial".
"Temos que acabar com a farra salarial no país, em que não se sabe quanto se ganha. Se o ministro ganha R$ 15 mil, pronto, todos sabem que ele ganha R$ 15 mil. Tem que ser bem claro. Pelo que está na Constituição, não se deve ter acúmulo de aposentadoria (o salário deve ser de R$ 12.720). Tem de ser definido um salário justo", disse o presidente do STJ.
Em resposta ao presidente do Congresso Nacional, senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que o desautorizou a falar pelo Judiciário, Costa Leite disse: "É preciso entender que a Justiça é cega, mas não é muda. Quando o assunto é institucional, como é o caso do teto, o juiz fala nos autos. Nas questões institucionais, o juiz deve se manifestar. Essa vai ser a tônica da minha gestão".
No último dia 5, o presidente do Congresso criticou os juízes que reclamavam um teto maior. "Alguns juízes estão insatisfeitos com o valor do novo teto para o serviço público. Se eles acham pouco ou não, vão ter que se contentar com isso. Se nós queremos fixar um teto menor para os parlamentares, isso é sinal de apreço ao Judiciário, mas não de submissão".
Sobre uma eventual greve, ACM declarou: "O governo não deve tomar conhecimento (da greve). Eu não acredito em paralisação, já que eles ganharam um teto privilegiado. Agora, o que eu não posso aceitar é a concessão de auxílio-moradia a quem tem casa e ganha muito bem".
Costa Leite disse ontem que visitará o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Carlos Velloso, para pedir que o Poder Judiciário tenha uma só posição sobre o assunto.
"Se isso é uma questão ainda não resolvida, nós queremos que se estabeleça o valor de R$ 12.720. Quero que o presidente do Supremo tenha ciência disso e volte a conversar com os presidentes da República, do Senado e da Câmara", declarou.


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