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FUNCIONALISMO
Para ministro Carlos Velloso, reação contrária é "hipocrisia"
Presidente do STF defende acúmulo de aposentadoria
VALÉRIA DE OLIVEIRA
free-lance para a Folha
O presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), ministro Carlos Velloso, saiu em defesa ontem
do acúmulo de uma aposentadoria autorizado pelo acordo fechado pelos chefes de Poderes na semana passada e aumentou a polêmica sobre o teto salarial do funcionalismo público.
Segundo Velloso, não existe teto
"dúplex" de R$ 23 mil como
apontam os críticos da brecha
aberta no teto, "mas direitos consagrados na Constituição", que
permite o acúmulo de salários e
aposentadorias.
"O que se fez foi admitir algo razoável, permitindo que aqueles
que conquistaram legitimamente
uma aposentadoria continuassem a percebê-la", afirmou. Velloso afirmou que não tem "nenhum escrúpulo" em sustentar
essa posição.
O presidente do Supremo disse
que "aqueles que ficam sustentando moralidade mais rigorosa
do que a lei e a Constituição, no
fundo, não estão sustentando
moralidade nenhuma". "Estão
sendo simplesmente moralistas,
que é a moral sem ética."
""Acho que é uma hipocrisia eu
sustentar uma posição e, depois,
ter de reconhecer o direito dessas
pessoas (caso elas entrem na Justiça)", disse o ministro, numa crítica indireta a FHC e ao presidente do Senado. Velloso também
contrariou o argumento defendido pelo presidente eleito do STJ
(Superior Tribunal de Justiça),
Paulo Costa Leite.
A possibilidade de acumular
aposentadorias e salários foi acordada em reunião entre os presidentes dos três Poderes na semana passada e beneficiará principalmente deputados e senadores.
Velloso disse também "não entender" por que ACM defende
agora tetos diferenciados para o
Judiciário (R$ 11,5 mil) e para o
Executivo e Legislativo (R$ 10,8
mil). Segundo o presidente do
STF, na semana passada todos
concordaram com o teto único.
Velloso reafirmou que pretende
sustentar a proposta do teto de R$
12.720, "que é a quantia que está
na cabeça de todos os juízes", caso
o acordo, firmado quinta-feira
passada, venha a ser revisto.
O ministro disse que sempre defendeu a idéia de que a gratificação de R$ 1.920, referente a atividades na Justiça Eleitoral, fosse
incorporada ao teto. "A exclusão
(dela do teto) partiu de quem tem
atribuição para propor exclusão",
disse, numa referência aos chefes
dos demais Poderes.
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