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FUNCIONALISMO
Presidente afirma que vê divisão no Legislativo e que teto é teto e não aumento para todo mundo
FHC afirma que Congresso faz "confusão"
RUI NOGUEIRA
enviado especial a Lisboa
O presidente Fernando Henrique Cardoso acusou ontem o
Congresso de confundir fixação
de teto com aumento salarial generalizado e de provocar "confusão" em torno do assunto.
FHC disse que o acordo dos três
Poderes era de R$ 11,5 mil.
O problema do acúmulo de
aposentadorias, afirmou FHC, está surgindo no Congresso.
Lá, em torno de 140 deputados
acumulam atualmente o salário
de parlamentar (R$ 8.000) com
aposentadorias e ajudas de custo
pelo desempenho da função.
Sobre o reajuste do salário mínimo, FHC negou que tivesse autorizado o líder do governo na Câmara, deputado Arnaldo Madeira
(PSDB-SP), a defender no Congresso a fixação do valor em R$
180,00.
"Eu seria irresponsável se tivesse feito isso", disse o presidente.
Veja, a seguir, o que disse FHC:
Pergunta - O assunto do teto
está confuso. Qual foi o acordo?
Fernando Henrique Cardoso
-Diante da situação do Judiciário,
especialmente, e pelo fato de que
desde o início da questão os ministros do Supremo tinham se
referido a um teto de R$ 12.720, e
eu havia proposto R$ 10,8 mil, e
dado ao fato de que o tempo passou e houve algum desgaste inflacionário, nós tínhamos aceito
R$ 11,5 mil.
O que significa aceitar o teto?
Teto é teto, não é aumento pra todo mundo, é teto. No caso do Executivo não haverá alteração alguma porque a única definição
constitucional diz respeito ao presidente da República e a mais ninguém. No caso do presidente da
República, ele não receberá esse
vencimento (de R$ 11,5 mil, continuará em R$ 8.500).
No que diz respeito ao Legislativo, o Congresso tem de definir
dentro desse teto de R$ 11,5 mil
quanto ele deseja. Teto é teto. Está
havendo uma confusão no Brasil
entre teto e aumento de salário.
Teto é o salário máximo a ser percebido e nós concordamos que foi
de R$ 11,5 mil.
Pergunta - O sr. então concordou com R$ 11,5 mil como teto?
FHC - Tínhamos concordado.
Pergunta - Mas com o acúmulo das aposentadorias?
FHC - Essa é uma outra questão.
Essa questão não diz respeito à
demanda do Executivo, diz respeito à demanda do Legislativo.
Vejo que há divisão de opinião no
Legislativo, agora há essa divisão.
Hão de entender que, do ponto
de vista de quem está fazendo um
esforço para que não haja déficit e
para que haja ajuste fiscal, quanto
menos acumulações, melhor, respeitadas -isso foi uma ponderação dos ministros do Supremo-
as questões constitucionais.
Pergunta - Então vai implodir
o acordo.
FHC - O acordo é esse (R$ 11,5
mil, sem acumulações).
Não há que implodir nada. Agora, a materialização desse teto e as
condições desse teto serão definidas no Congresso.
Pergunta - Presidente, circulou a informação de que o senhor teria autorizado o deputado e líder do governo, Arnaldo
Madeira (PSDB-SP), a defender
no Congresso um salário mínimo de R$ 180.
FHCernando Henrique - Eu seria irresponsável se tivesse feito isso, depois do que eu disse aqui
ontem (em Lisboa, anteontem).
Tenho que ver os números, não
conheço. Isso não corresponde à
verdade.
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