São Paulo, sexta-feira, 10 de março de 2000


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JANIO DE FREITAS
Reforma à vista

Mesmo que nesse caso tenha algum valor, o que é muito duvidoso, o certificado de permanência no ministério dado a Rafael Greca por Fernando Henrique Cardoso mereceu o cuidado de não levar data. Providência muito conveniente, porque no círculo palaciano há conversas sobre uma reforma parcial do ministério, na qual dois nomes já têm um xis em cima.
A idéia é que a minirreforma ocorra no final de abril, com o propósito principal de fortalecer a base governista nas disputas por determinadas prefeituras. Mas a ocasião seria aproveitada para o já desejado afastamento de pelo menos dois ministros, embora falar na saída de Rafael Greca e Francisco Weffort seja impróprio: nenhum dos dois assumiu, jamais, as funções de ministro -a menos que rombos em dinheiro público já integrem as finalidades do Ministério da Cultura.
Fernando Henrique não daria uma palavra favorável sem acompanhá-la de uma boa pichada. Ao atribuir, porém, o mau desempenho de Greca à sua falta de experiência parlamentar (Greca ainda não exerceu o mandato de deputado), Fernando Henrique fez uma condenação muito mais extensa: condenou o seu governo. As três figuras que têm sido corpo e alma do governo nunca tiveram vida parlamentar, nem é provável que venham a tê-la: Pedro Malan, Armínio Fraga e Gustavo Franco.

Outros negócios
O novo presidente e velho devedor do BNDES Francisco Gros está negociando uma casa em Búzios.
Um lugar aprazível para tentar lembrar-se dos pormenores de uma questão que, provavelmente, lhe será apresentada em breve: alguma parte do dinheiro de que seu banco é mau devedor foi aplicada em outra empresa sua?

Uma ilustração triste
A mortandade de peixes na lagoa Rodrigo de Freitas é mais uma boa ilustração das intenções subjacentes aos projetos, ora em tramitação no Congresso, de restrição às ações do Ministério Público.
Esse crime ambiental, que se repete há dezenas de anos, tem motivação e autoria definidos. Não há despejos clandestinos de esgotos, todos são conhecidos, assim como os prédios e quadras a que servem. O que tem faltado é só responsabilidade aos poderes governamentais, nos sucessivos governos do Estado e do município, para atacar as práticas ilegais e realizar as obras indispensáveis. Um problema que só se resolverá no dia em que o Ministério Público investigar as razões do descaso governamental.
O Ministério Público do Estado do Rio, como na maioria dos Estados, ainda está muito distante da disposição que grande parte do Ministério Público Federal vem demonstrando, sobretudo por parte dos procuradores mais moços. Mas, para os governantes, seus aliados parlamentares e os infratores influentes, conter a disposição dos federais é tão importante quanto prevenir as possíveis disposições futuras dos estaduais: é a perpetuação da impunidade.


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