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JANIO DE FREITAS
Reforma à vista
Mesmo que nesse caso tenha
algum valor, o que é muito duvidoso, o certificado de permanência no ministério dado a
Rafael Greca por Fernando
Henrique Cardoso mereceu o
cuidado de não levar data.
Providência muito conveniente, porque no círculo palaciano
há conversas sobre uma reforma parcial do ministério, na
qual dois nomes já têm um xis
em cima.
A idéia é que a minirreforma
ocorra no final de abril, com o
propósito principal de fortalecer a base governista nas disputas por determinadas prefeituras. Mas a ocasião seria
aproveitada para o já desejado
afastamento de pelo menos
dois ministros, embora falar
na saída de Rafael Greca e
Francisco Weffort seja impróprio: nenhum dos dois assumiu, jamais, as funções de ministro -a menos que rombos
em dinheiro público já integrem as finalidades do Ministério da Cultura.
Fernando Henrique não daria uma palavra favorável sem
acompanhá-la de uma boa pichada. Ao atribuir, porém, o
mau desempenho de Greca à
sua falta de experiência parlamentar (Greca ainda não
exerceu o mandato de deputado), Fernando Henrique fez
uma condenação muito mais
extensa: condenou o seu governo. As três figuras que têm sido
corpo e alma do governo nunca tiveram vida parlamentar,
nem é provável que venham a
tê-la: Pedro Malan, Armínio
Fraga e Gustavo Franco.
Outros negócios
O novo presidente e velho
devedor do BNDES Francisco
Gros está negociando uma casa em Búzios.
Um lugar aprazível para
tentar lembrar-se dos pormenores de uma questão que,
provavelmente, lhe será apresentada em breve: alguma
parte do dinheiro de que seu
banco é mau devedor foi aplicada em outra empresa sua?
Uma ilustração triste
A mortandade de peixes na
lagoa Rodrigo de Freitas é
mais uma boa ilustração das
intenções subjacentes aos projetos, ora em tramitação no
Congresso, de restrição às
ações do Ministério Público.
Esse crime ambiental, que se
repete há dezenas de anos, tem
motivação e autoria definidos.
Não há despejos clandestinos
de esgotos, todos são conhecidos, assim como os prédios e
quadras a que servem. O que
tem faltado é só responsabilidade aos poderes governamentais, nos sucessivos governos do Estado e do município,
para atacar as práticas ilegais
e realizar as obras indispensáveis. Um problema que só se
resolverá no dia em que o Ministério Público investigar as
razões do descaso governamental.
O Ministério Público do Estado do Rio, como na maioria
dos Estados, ainda está muito
distante da disposição que
grande parte do Ministério
Público Federal vem demonstrando, sobretudo por parte
dos procuradores mais moços.
Mas, para os governantes, seus
aliados parlamentares e os infratores influentes, conter a
disposição dos federais é tão
importante quanto prevenir
as possíveis disposições futuras
dos estaduais: é a perpetuação
da impunidade.
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