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RUMO A 2002
Ele se lançaria para "atrapalhar"
Itamar afirma
que pode ser
candidato
MARCIO AITH
enviado especial a Nova York
O governador de Minas, Itamar
Franco (sem partido, ex-PMDB),
disse ontem que poderá lançar-se
à corrida presidencial em 2002
para ""atrapalhar" os planos eleitorais do grupo do presidente
Fernando Henrique Cardoso, tirando votos do candidato do governo e ""ajudando a eleger outro
candidato de oposição" no Brasil.
A declaração foi feita ontem em
Nova York depois depois de uma
palestra a investidores estrangeiros promovida pelo Conselho das
Américas e pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos.
Acompanhado de uma de suas
filhas, de sua ex-namorada June,
de sua ajudante-de-ordens Kênia
Prates e de outros dez funcionários do governo estadual, Itamar
falou na mesma sala onde, em novembro passado, o presidente do
Banco Central, Armínio Fraga, recomendou a investidores que não
colocassem dinheiro em Minas.
Foi uma palestra tensa, seguida
de uma entrevista da qual também participaram investidores.
Em dois momentos, ao rebater
críticas de que seu governo afasta
investidores, ele disse: ""Pelo menos não cobramos caixinha".
Questionado pelo tradutor sobre
o significado da expressão ""caixinha", Itamar disse: ""Comissão,
propina para poder investir".
Itamar disse que não estava afirmando que há corrupção no governo FHC. ""Se tem corrupção,
quem tem de saber é o investidor,
pois é ele que estaria envolvido."
Itamar disse não ter vontade de
ser candidato à Presidência, mas
que lançaria sua candidatura numa hipótese. ""Se em 2002 eu tiver
0,5%, 1% ou 2% das pesquisas e se
algum candidato com, digamos,
30%, me pedir para lançar candidatura para tirar votos do governo, eu serei candidato."
Itamar disse que os investidores
estrangeiros têm um entusiasmo
exagerado com o governo FHC.
""Fiquem atentos, o panorama em
2002 vai mudar. Cardoso perderá
força política depois das eleições
municipais deste ano. O país terá
um novo rumo em 2000", disse
ele. ""Não é essa coisa bonitinha
que vocês estão pensando, não."
Itamar não disse qual seria seu
candidato ideal, e também não
quis comentar hipotéticas candidaturas de ministros. ""O que eu
posso dizer é que o professor Cardoso empobreceu o país."
O evento foi montado para
apresentar um novo Itamar, mas
tudo deu errado.
Itamar começou sua palestra a
cem investidores estrangeiros exibindo um vídeo em inglês com
dados econômicos otimistas de
Minas e dizendo que estava lá para rebater declarações "errôneas e
impatrióticas" do presidente do
Banco Central, Armínio Fraga,
que, em novembro do ano passado, sugeriu a investidores que não
investissem em Minas Gerais.
Itamar disse que seu governo
está aberto ao diálogo com os investidores. Disse que não é contra
a privatização, mas que afastou os
investidores minoritários da Cemig porque estava protegendo a
Constituição do Estado e as leis
do país. As razões do rompimento do acordo de acionistas da Cemig foram explicadas pelo seu assessor, Alexandre Dupeyrat.
Quando a palestra foi aberta ao
público, Samantha Sparks, da
corretora Warburg Tillon Read,
perguntou se, em tese, Itamar seria favorável à venda de 33% da
Cemig a investidores estrangeiros
se essa venda tivesse amparo legal. "Não", respondeu. Um outro
investidor perguntou sobre a privatização de Furnas, programada
para este ano. "Também não",
disse Itamar. Um terceiro perguntou sobre os bancos estaduais
mineiros que foram privatizados.
"Também não os teria privatizado." No final do encontro, os investidores afirmaram que Itamar
deixou uma imagem pior do que
a exposta por Fraga.
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