São Paulo, quinta-feira, 10 de março de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COMANDO SILENCIOSO

Só uma mensagem do presidente foi lida, o que, diz a Presidência, faz parte do cerimonial da Marinha

Lula evita discurso em batismo de submarino

Ricardo Stuckert/PR
O presidente Lula observa o interior do submarino Tikuna, cujo nome é uma homenagem a uma tribo indígena do Amazonas


DA SUCURSAL DO RIO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou ontem no Rio de Janeiro do batismo do submarino Tikuna, que passará, a partir de dezembro, a ser o quinto da frota desse tipo de navio da Marinha brasileira.
Durante a cerimônia, no Arsenal de Marinha do Rio (centro), o presidente não discursou. Calado, no palanque, ouviu a leitura de uma mensagem sua realizada por um militar. O vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, também participou do batismo.
Embora os discursos -e os improvisos- sejam uma marca de Lula, assessores da Presidência informaram que a simples leitura de mensagem está prevista no cerimonial das Forças Armadas, e que não é a primeira vez que o presidente se cala numa cerimônia militar. Segundo a Seção de Comunicação Social da Marinha, o silêncio do presidente "não é questão de praxe". Detalhes de cada cerimônia, informaram, são acertados caso a caso.
Na mensagem de ontem, Lula parabenizou a Marinha pelo lançamento "do mais avançado submarino já construído no nosso país" e saudou o "notável processo de recuperação" da indústria naval brasileira.
Num discurso de improviso no dia 24 de fevereiro, em visita ao Espírito Santo, Lula afirmou que evitara divulgar supostos casos de corrupção em privatizações no governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), relatados por um "alto companheiro". As declarações foram duramente criticadas pela oposição, e o PSDB entrou com pedido de interpelação judicial no Supremo Tribunal Federal e com uma representação contra o presidente na Câmara dos Deputados, ambos negados.
O submarino Tikuna -cujo interior foi visitado ontem pelo presidente e pela primeira-dama, Marisa Letícia- é o quarto a ser construído no Brasil. Foi um empreendimento realizado com mão-de-obra nacional a partir de tecnologia alemã. Segundo a Marinha, apenas 15 países detêm a tecnologia para a construção desse tipo de embarcação.
O submarino tem 61 m de comprimento e 6 m de largura. Gerou 420 empregos diretos e 2.100 indiretos desde o início de sua construção, em 1996.
Um grupo de mata-mosquitos -2.500, segundo os organizadores da manifestação; para a polícia, 600- protestou do lado de fora das instalações da Marinha, durante a cerimônia. Após serem dispensados em 1999 e recontratados em 2003 por um período de dois anos com possibilidade de efetivação, temem outra dispensa, recomendada, segundo eles, em relatório do Ministério do Planejamento. (RAFAEL CARIELLO)


Texto Anterior: Janio de Freitas: As vias de fato
Próximo Texto: Estratégia e tecnologia: S-34 Tikuna representa lento avanço
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.