São Paulo, quinta-feira, 10 de maio de 2001

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FICÇÃO E REALIDADE

Senador de novela é chantageado com fita

ACM inspira personagem de Lima Duarte

CRISTIAN KLEIN
DA SUCURSAL DO RIO

O ator Lima Duarte, 71, que está chamando a atenção do público ao representar um senador baiano cuja conversa comprometedora é gravada numa fita, na novela "Porto dos Milagres", da TV Globo, afirma que o ex-presidente do Senado Antonio Carlos Magalhães foi uma de suas fontes de inspiração, mas não a única.
"A minha inspiração não é o pefelista, mas sim um senador, um ser social. Dado os acontecimentos, ficou parecido com o ACM. É uma pena. Sinceramente, fico meio constrangido de tratar um senador assim. Eu sou meio romântico, gostaria de pensar neles como pessoas ideais, padrões de comportamento. Mas eles estão se avacalhando, não se dão o respeito."
Na novela das oito, o prefeito de Porto dos Milagres, Félix Guerreiro (Antônio Fagundes), grava uma conversa com o senador Victorio Viana (Lima) na qual o parlamentar faz acusações de corrupção envolvendo políticos aliados.
Na vida real, quem gravou ACM foi o procurador Luiz Francisco de Souza. Na fita, ACM deu os primeiros indícios de que teria participado da violação do painel do Senado. Em uma cena da novela, os assessores de Victorio Viana pisam na fita, mas não chegam a destruí-la. Exatamente como descrito por Luiz Francisco. Só que, no episódio em Brasília, o procurador afirma que conseguiu inutilizá-la.
Não é a primeira vez que Lima Duarte faz uma representação caricata de ACM. Na campanha de 90 para o governo da Bahia, representou o político, com um chicote numa mão e um punhado de dinheiro na outra, no horário gratuito de Roberto Santos (PMDB), então adversário de ACM.
Na ficção da TV Globo, o personagem de Lima Duarte é vítima de uma chantagem por causa da gravação com as acusações -ou ele apóia a candidatura de Félix Guerreiro ao governo da Bahia ou a fita será divulgada. Viana cede e Félix é aclamado "rei da Bahia".
Por isso Lima Duarte vê mais semelhanças psicológicas entre ACM e o personagem de Antônio Fagundes. "A minha intenção era fazer um malandro, que dá esses golpezinhos no Senado. O ACM é mais profundo."
Ricardo Linhares, 39, autor da novela ao lado de Aguinaldo Silva, confirma que a trama saiu dos noticiários. Mas ressalta que nenhum personagem é inspirado em um só político.


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