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FICÇÃO E REALIDADE
Senador de novela é chantageado com fita
ACM inspira personagem de Lima Duarte
CRISTIAN KLEIN
DA SUCURSAL DO RIO
O ator Lima Duarte, 71, que
está chamando a atenção do
público ao representar um senador baiano cuja conversa
comprometedora é gravada
numa fita, na novela "Porto
dos Milagres", da TV Globo,
afirma que o ex-presidente do
Senado Antonio Carlos Magalhães foi uma de suas fontes de
inspiração, mas não a única.
"A minha inspiração não é o
pefelista, mas sim um senador,
um ser social. Dado os acontecimentos, ficou parecido com o
ACM. É uma pena. Sinceramente, fico meio constrangido
de tratar um senador assim. Eu
sou meio romântico, gostaria
de pensar neles como pessoas
ideais, padrões de comportamento. Mas eles estão se avacalhando, não se dão o respeito."
Na novela das oito, o prefeito
de Porto dos Milagres, Félix
Guerreiro (Antônio Fagundes), grava uma conversa com
o senador Victorio Viana (Lima) na qual o parlamentar faz
acusações de corrupção envolvendo políticos aliados.
Na vida real, quem gravou
ACM foi o procurador Luiz
Francisco de Souza. Na fita,
ACM deu os primeiros indícios
de que teria participado da violação do painel do Senado. Em
uma cena da novela, os assessores de Victorio Viana pisam
na fita, mas não chegam a destruí-la. Exatamente como descrito por Luiz Francisco. Só
que, no episódio em Brasília, o
procurador afirma que conseguiu inutilizá-la.
Não é a primeira vez que Lima Duarte faz uma representação caricata de ACM. Na campanha de 90 para o governo da
Bahia, representou o político,
com um chicote numa mão e
um punhado de dinheiro na
outra, no horário gratuito de
Roberto Santos (PMDB), então
adversário de ACM.
Na ficção da TV Globo, o personagem de Lima Duarte é vítima de uma chantagem por
causa da gravação com as acusações -ou ele apóia a candidatura de Félix Guerreiro ao
governo da Bahia ou a fita será
divulgada. Viana cede e Félix é
aclamado "rei da Bahia".
Por isso Lima Duarte vê mais
semelhanças psicológicas entre
ACM e o personagem de Antônio Fagundes. "A minha intenção era fazer um malandro, que
dá esses golpezinhos no Senado. O ACM é mais profundo."
Ricardo Linhares, 39, autor
da novela ao lado de Aguinaldo
Silva, confirma que a trama
saiu dos noticiários. Mas ressalta que nenhum personagem
é inspirado em um só político.
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