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TRABALHO
Vice-presidente diz que medida criaria "novos postos" de trabalho e melhoraria a distribuição da renda
Maciel quer redução da jornada para 35 horas semanais
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
O vice-presidente da República,
Marco Maciel (PFL), defendeu
ontem, em Porto Alegre, a redução da jornada de trabalho semanal das atuais 44 horas para 35 horas para gerar ""novos postos" e
""distribuir melhor a renda".
A declaração foi feita poucos
dias depois de o presidente Fernando Henrique Cardoso ter defendido, durante viagem a Paris,
uma discussão sobre o assunto.
""O que nós observamos é que,
no primeiro quadrimestre do
ano, a economia cresceu mais de
3%, e não cresceu, proporcionalmente, a oferta de emprego. O
empresário, de modo geral, optou
por pagar horas extras", disse o
político pefelista durante reunião
na Federasul (Federação das Associações Empresariais do Rio
Grande do Sul).
""Então, acho que essa idéia se
põe de forma muito boa. Permite
discutir a questão de geração de
novos postos de trabalho se a jornada se reduz, fazendo com que,
portanto, a renda seja mais bem
distribuída em nosso país."
Mesmo se mostrando satisfeito
com o que ele define como a retomada do crescimento da economia (estimou a taxa em 4% em
2000, o que, sem inflação, segundo ele, é um dado ""expressivo") e
com a consequente geração de
empregos, Maciel criticou o atual
alto índice de informalidade do
mercado de trabalho.
""Temos, hoje, 56% da força de
trabalho na informalidade, o que
não é bom, sobretudo para o trabalhador, que não tem proteção
previdenciária. Precisamos modernizar a legislação para ampliar
a proteção social ao trabalhador, e
isso passa pela modernização das
relações de trabalho", disse.
Reforma tributária
Além de defender a discussão
da redução na jornada de trabalho, Maciel disse que é favorável a
uma reforma tributária ""por etapas". ""Se não for possível fazer
uma reforma ampla, que se faça
por etapas, porque, de toda maneira, será um avanço. O bom
projeto é o que passa."
Maciel classificou o Brasil como
uma ""Federação nominal" ao dizer que a reforma tributária ""tem
muito a ver com com o fortalecimento da federação". ""Precisamos sair de uma Federação meramente nominal, legal, para uma
Federação real, e isso passa pela
reforma tributária", disse.
""Acho que é possível avançar, já
que se tem um projeto básico, que
define as linhas mestras. Acredito
que a reforma tributária pode ser
votada neste ano."
FHC
As declarações de Marco Maciel
contrastam com as posições defendidas pelo presidente da República. No dia 4 de junho, em Paris,
FHC fez observações sobre o assunto que outros jornais entenderam como uma defesa da redução
da jornada de trabalho de 44 para
35 horas semanais.
No dia seguinte, o presidente
tratou de contestar essas versões.
Explicou o que já havia afirmado
na véspera, mas acabou sendo
mal interpretado: o governo não
vai tomar nenhuma iniciativa para reduzir a jornada. Segundo
FHC, o governo federal apenas
acha que ela pode ser discutida
pelo setor privado (empresários e
trabalhadores).
Na realidade, essa posição impede a adoção das 35 horas semanais no Brasil, até porque a medida depende de mudança constitucional e precisa do apoio de três
quintos dos deputados e dos senadores.
Sem o apoio do governo federal,
que tem maioria no Legislativo, a
emenda não pode ser aprovada
pelo Congresso.
Ainda na França, FHC declarou
que a melhor medida para combater o desemprego é o crescimento econômico e anunciou estudos sobre a adoção de um novo
programa social, inspirado no
modelo francês de "Primeiro Emprego" -qual seja, a oferta de trabalho para os mais jovens, que, de
acordo com o presidente, são os
mais afetados pelo desocupação.
Por fim, Fernando Henrique
prometeu estudos para "adensar"
programas sociais nos municípios com Índice de Desenvolvimento Humano mais baixo. O
presidente reconhece, porém, que
os resultados positivos só surgirão a médio prazo.
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