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OUTRO LADO
Lessa afirma que ignora repasse para consultor
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do BNDES (Banco
Nacional do Desenvolvimento
Econômico e Social), Carlos Lessa, disse desconhecer que parte do
empréstimo concedido pelo banco servirá para pagamento de serviços de consultoria da Trevisan
Consultores de Empresas.
Segundo ele, os contratos fechados pelo mutuário (no caso de
Diadema, a cooperativa Uniforja)
com terceiros são fiscalizados por
grupos de acompanhamento do
BNDES. Os relatórios desses grupos é que garantem a liberação
das outras parcelas do empréstimo. Mas o banco não interfere
nas contratações. "Nós não entramos no mérito de quem são os
fornecedores", disse Lessa.
O presidente do BNDES disse
ter sido procurado pelo sindicalista Luiz Marinho para tratar da
Uniforja em alguns momentos
desde a sua posse na presidência
do banco, em janeiro.
"O Luiz Marinho algumas vezes
me perguntou, me falou, a meu
ver muito corretamente, que ele
gostaria que o projeto tivesse
grande visibilidade pela importância que tinha", afirmou. Ele
disse que não foi procurado pelo
auditor Antoninho Trevisan para
falar da Uniforja nem discutiu o
assunto com Lula.
O presidente do BNDES afirmou que o empréstimo concedido à Uniforja "é uma operação
absolutamente inovadora".
O banco, "talvez pela primeira
vez na história do país", segundo
Lessa, financiou uma cooperativa
de trabalhadores para a compra
da massa falida de uma empresa.
"Muito trabalho"
Lessa disse que, pelo ineditismo,
a operação "deve ter dado muito
trabalho" ao banco: "A constituição das garantias [para o empréstimo] é complicada, porque tem
de ser criada basicamente em cima de contratos que têm de ser
estabelecidos entre empresas interessadas em comprar".
O presidente do BNDES defendeu o empréstimo à Uniforja. Segundo ele, o banco já havia liberado recursos para a então Conforja
nos anos 50.
"Ela tinha uma grande competência. A perda dela foi, para o
país, uma perda na cadeia produtiva", disse Lessa.
Sobre o banco ter negado acesso
ao contrato e outros documentos
relacionados ao projeto de Diadema, Lessa disse que o contrato é
registrado em cartório, mas outros papéis seriam protegidos
"por sigilo bancário". A assessoria
do BNDES prometeu para a próxima quinta-feira acesso a "todos
os documentos" que a lei autoriza
divulgar.
(RV e JD)
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