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São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 2003

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OUTRO LADO

Lessa afirma que ignora repasse para consultor

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa, disse desconhecer que parte do empréstimo concedido pelo banco servirá para pagamento de serviços de consultoria da Trevisan Consultores de Empresas.
Segundo ele, os contratos fechados pelo mutuário (no caso de Diadema, a cooperativa Uniforja) com terceiros são fiscalizados por grupos de acompanhamento do BNDES. Os relatórios desses grupos é que garantem a liberação das outras parcelas do empréstimo. Mas o banco não interfere nas contratações. "Nós não entramos no mérito de quem são os fornecedores", disse Lessa.
O presidente do BNDES disse ter sido procurado pelo sindicalista Luiz Marinho para tratar da Uniforja em alguns momentos desde a sua posse na presidência do banco, em janeiro.
"O Luiz Marinho algumas vezes me perguntou, me falou, a meu ver muito corretamente, que ele gostaria que o projeto tivesse grande visibilidade pela importância que tinha", afirmou. Ele disse que não foi procurado pelo auditor Antoninho Trevisan para falar da Uniforja nem discutiu o assunto com Lula.
O presidente do BNDES afirmou que o empréstimo concedido à Uniforja "é uma operação absolutamente inovadora".
O banco, "talvez pela primeira vez na história do país", segundo Lessa, financiou uma cooperativa de trabalhadores para a compra da massa falida de uma empresa.

"Muito trabalho"
Lessa disse que, pelo ineditismo, a operação "deve ter dado muito trabalho" ao banco: "A constituição das garantias [para o empréstimo] é complicada, porque tem de ser criada basicamente em cima de contratos que têm de ser estabelecidos entre empresas interessadas em comprar".
O presidente do BNDES defendeu o empréstimo à Uniforja. Segundo ele, o banco já havia liberado recursos para a então Conforja nos anos 50.
"Ela tinha uma grande competência. A perda dela foi, para o país, uma perda na cadeia produtiva", disse Lessa.
Sobre o banco ter negado acesso ao contrato e outros documentos relacionados ao projeto de Diadema, Lessa disse que o contrato é registrado em cartório, mas outros papéis seriam protegidos "por sigilo bancário". A assessoria do BNDES prometeu para a próxima quinta-feira acesso a "todos os documentos" que a lei autoriza divulgar. (RV e JD)


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