São Paulo, sexta-feira, 10 de junho de 2005

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AMEAÇAS E RISOS

Na 1ª sessão, governistas agressivos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A primeira sessão da CPI foi marcada pelo tom agressivo dos governistas, que ameaçavam investigar o governo passado na tentativa de intimidar a oposição.
O pedido do líder do governo, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), de colocar um nome moderado da oposição foi interrompido pelo deputado João Fontes (PDT-SE), que propunha, em tom de piada, a senadora Heloísa Helena (PSOL-AL), conhecida por seu radicalismo. "Eu aceito, eu aceito!", dizia ela rindo.
"Quero alertar os companheiros da Câmara que aqui no Senado a gente tem uma praxe de ouvir os argumentos e debater depois", disse Mercadante.
O comentário do senador, que já foi deputado, causou mal-estar entre os deputados presentes. Com isso, Mercadante monopolizou as manifestações ruidosas do plenário, os aplausos e as expressões de descontentamento.
Ao justificar a intenção de desrespeitar a tradição de que as maiores bancadas ficam com a vaga de presidente e relator, Mercadante citou o fato de a bancada do PT, que é a maior da Câmara, estar sem representante na Mesa. O plenário reagiu com um "ahhhh" de deboche e com gritos de "perderam a eleição!".
O senador Jefferson Péres (PDT-AM), que presidia os trabalhos, tentava controlar a sessão. "Vamos agir civilizadamente!", disse. A sessão foi atribulada, com deputados e senadores querendo falar ao mesmo tempo. "Quem vai falar agora sou eu!", disse Péres irritado, enquanto o deputado Asdrúbal Bentes (PMDB-PA) insistia em pedir a palavra.
Até o meio da tarde de ontem o governo ainda não havia fechado os nomes que proporia para ocupar a presidência e a relatoria, postos fundamentais para a condução dos trabalhos e o andamento das investigações.
Inicialmente a idéia era colocar um senador do PMDB na presidência e cogitou-se até os últimos momentos a indicação do senador Luiz Otávio (PA) para a vaga. O TCU (Tribunal de Contas da União) acatou denúncia contra ele por desvio de verba pública.
A base aliada desistiu de Luiz Otávio e indicaria para a presidência da comissão o líder do PT, senador Delcídio Amaral (MS), o que não se concretizou devido à suspensão dos trabalhos pela falta de acordo com a oposição.
Vários nomes foram lançados para a relatoria até que os governistas se decidissem pelo deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). A sessão foi aberta sem a presença dos líderes governistas, que ainda estavam reunidos tentando se organizar. (RB, FK e FZ)


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