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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"
Governistas e oposicionistas coletam assinaturas para instalar novas comissões; estratégia é usar pedidos como forma de pressão
Governo e oposição travam duelo de CPIs
FÁBIO ZANINI
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A coleta de assinaturas para a
instalação de CPIs virou uma
guerra entre governo e oposição
no Congresso. Além da CPI dos
Correios, instalada ontem, o Senado também tem uma para investigar a estatal -no caso de
uma emergência- e existem outras três sobre compra de votos.
A coleta de assinaturas e o protocolo de CPIs têm servido de
pressão tanto da oposição como
do governo em função da discussão da comissão que deve funcionar na prática: a dos Correios instalada ontem.
A base aliada do governo na Câmara reagiu à CPI dos Correios na
mesma moeda, protocolando ontem seu próprio pedido de investigação parlamentar, que incluiria
um período maior e se estenderia
também a oposição.
Às 16h30, no exato momento
em que começava no Senado a
sessão de instalação da CPI dos
Correios, líderes governistas na
Câmara exibiam para as câmeras
o pedido de criação da "CPI da
Compra de Votos".
A CPI governista seria exclusiva
da Câmara, diferente da outra,
que une as duas Casas do Congresso. Seria dedicada a apurar
denúncias de pagamento de um
"mensalão" a deputados pelo PT
e também à suposta compra de
votos para que fosse aprovada
emenda da reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1997.
Contragosto
A coincidência não foi casual. O
governo, que teve de aceitar a
contragosto a CPI dos Correios,
procurou criar um fato político
para demonstrar que não se sente
acuado. As chances de que a CPI
governista funcione são mínimas.
Para adicionar mais um elemento à confusão, três partidos
pequenos que fazem oposição,
PPS, PDT e PV, disseram ontem
já terem assinaturas para outra
CPI, que seria mista e investigaria
apenas o "mensalão".
No Senado existe ainda a coleta
de assinaturas para uma CPI do
"mensalão" também feita pela
oposição. Depois de vencer a resistência de seus líderes, sete senadores do PT assinaram ontem o
requerimento de CPI. A bancada
não havia fechado questão, mas
nas reuniões dos últimos dias, a
orientação era deixar que a Câmara tratasse com exclusividade
dessa investigação.
Assinaram o pedidos os senadores Eduardo Suplicy (SP), Cristovam Buarque (DF), Flávio Arns
(PR), Serys Slhessarenko (MT),
Ana Júlia Carepa (PA) e Sibá Machado (AC). Também estariam
interessados em assinar, mas estavam viajando, os senadores
Tião Viana (AC) e Roberto Saturnino (RJ).
No caso da CPI apresentada pelo governo na Câmara, foram
protocoladas 200 assinaturas, 29 a
mais do que o mínimo exigido.
O requerimento é assinado pelos líderes Arlindo Chinaglia (governo), Paulo Rocha (PT), José
Borba (PMDB), José Janene (PP),
José Múcio (PTB), Renildo Calheiros (PC do B), Sandro Mabel
(PL) e Renato Casagrande (PSB).
O governo, que torpedeou o
quanto pôde a CPI dos Correios
porque seria muito genérica e não
teria fato determinado, acabou
ampliando o escopo da sua própria CPI.
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