São Paulo, sexta-feira, 10 de junho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"

Governistas e oposicionistas coletam assinaturas para instalar novas comissões; estratégia é usar pedidos como forma de pressão

Governo e oposição travam duelo de CPIs

FÁBIO ZANINI
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A coleta de assinaturas para a instalação de CPIs virou uma guerra entre governo e oposição no Congresso. Além da CPI dos Correios, instalada ontem, o Senado também tem uma para investigar a estatal -no caso de uma emergência- e existem outras três sobre compra de votos.
A coleta de assinaturas e o protocolo de CPIs têm servido de pressão tanto da oposição como do governo em função da discussão da comissão que deve funcionar na prática: a dos Correios instalada ontem.
A base aliada do governo na Câmara reagiu à CPI dos Correios na mesma moeda, protocolando ontem seu próprio pedido de investigação parlamentar, que incluiria um período maior e se estenderia também a oposição.
Às 16h30, no exato momento em que começava no Senado a sessão de instalação da CPI dos Correios, líderes governistas na Câmara exibiam para as câmeras o pedido de criação da "CPI da Compra de Votos".
A CPI governista seria exclusiva da Câmara, diferente da outra, que une as duas Casas do Congresso. Seria dedicada a apurar denúncias de pagamento de um "mensalão" a deputados pelo PT e também à suposta compra de votos para que fosse aprovada emenda da reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1997.

Contragosto
A coincidência não foi casual. O governo, que teve de aceitar a contragosto a CPI dos Correios, procurou criar um fato político para demonstrar que não se sente acuado. As chances de que a CPI governista funcione são mínimas.
Para adicionar mais um elemento à confusão, três partidos pequenos que fazem oposição, PPS, PDT e PV, disseram ontem já terem assinaturas para outra CPI, que seria mista e investigaria apenas o "mensalão".
No Senado existe ainda a coleta de assinaturas para uma CPI do "mensalão" também feita pela oposição. Depois de vencer a resistência de seus líderes, sete senadores do PT assinaram ontem o requerimento de CPI. A bancada não havia fechado questão, mas nas reuniões dos últimos dias, a orientação era deixar que a Câmara tratasse com exclusividade dessa investigação.
Assinaram o pedidos os senadores Eduardo Suplicy (SP), Cristovam Buarque (DF), Flávio Arns (PR), Serys Slhessarenko (MT), Ana Júlia Carepa (PA) e Sibá Machado (AC). Também estariam interessados em assinar, mas estavam viajando, os senadores Tião Viana (AC) e Roberto Saturnino (RJ).
No caso da CPI apresentada pelo governo na Câmara, foram protocoladas 200 assinaturas, 29 a mais do que o mínimo exigido.
O requerimento é assinado pelos líderes Arlindo Chinaglia (governo), Paulo Rocha (PT), José Borba (PMDB), José Janene (PP), José Múcio (PTB), Renildo Calheiros (PC do B), Sandro Mabel (PL) e Renato Casagrande (PSB).
O governo, que torpedeou o quanto pôde a CPI dos Correios porque seria muito genérica e não teria fato determinado, acabou ampliando o escopo da sua própria CPI.


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