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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"
Presidente faz apelo a Renan Calheiros e a Severino Cavalcanti, diz que pode transformar MPs em projetos de lei e acena com reforma política
Lula pede que CPI não paralise o Congresso
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva fez um apelo ontem aos
presidentes do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara dos Deputados, Severino
Cavalcanti (PP-PE), para que o
Congresso não fique "paralisado"
durante a CPI dos Correios. E
prometeu medidas de incentivo à
economia até a próxima semana.
Lula está disposto a fazer concessões, como negociar a transformação de medidas provisórias
em projetos de lei para limpar a
pauta do Congresso. E, numa correção de rumos em relação à estratégia de empunhar a bandeira
da reforma política numa hora de
crise, pediu que Renan e Severino
priorizem o tema.
Anteontem, o presidente anunciou que em 45 dias o ministro da
Justiça, Márcio Thomaz Bastos,
apresentaria um relatório com
pontos de uma reforma política
que o governo gostaria de ver
aprovada no Congresso.
Essa estratégia pegou mal no
Legislativo, pois está parada na
Câmara uma proposta de reforma política aprovada no Senado
há quase três anos.
A escolha de Thomaz Bastos para comandar essa operação, deixando em papel secundário o ministro da Coordenação Política,
Aldo Rebelo (PC do B), também
produziu seqüelas. Aldo ficou
chateado, pois foi excluído mais
uma vez de uma missão importante na sua área.
"A conversa foi muito boa. O
presidente pediu que o Senado e a
Câmara continuem votando e
aprovando projetos, porque é importante para o país", afirmou
Renan, em entrevista após o encontro de ontem.
Segundo apurou a Folha, Lula
pediu aos presidentes da Câmara
e do Senado que buscassem demonstrar "normalidade" no Congresso, pois ele teme que a CPI
dos Correios domine o ambiente
político e inviabilize a aprovação
de projetos.
Transparência
Sobre a CPI, Lula repetiu o que
disse em discurso anteontem.
Quer uma apuração "transparente", não importa quem seja atingido. Afirmou desejar ser "parceiro
na respeitabilidade" do Congresso, ao falar da CPI.
Anteontem, em reunião na casa
de Renan Calheiros, o ministro da
Fazenda, Antonio Palocci Filho,
tratou de uma agenda mínima para se contrapor à crise política e ao
funcionamento da CPI, cuja primeira sessão, ontem, foi tumultuada e suspensa.
Ontem, Lula prometeu adotar
medidas para, de acordo com
suas expressões, "aumentar a
competitividade da economia" e
"desonerar as exportações".
O presidente da República pediu a Renan e a Severino que retornem ao Palácio do Planalto na
próxima segunda-feira para que
possam avançar nas negociações
sobre a reforma política e as medidas provisórias em tramitação
que o governo está disposto a rever. Lula sugeriu fazer um encontro depois de segunda com o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Nelson Jobim, e com
o procurador-geral da República,
Claudio Fonteles.
Ontem, o ministro José Dirceu
(Casa Civil), que estava em viagem à Europa, voltou e se reuniu
com o presidente. Em Portugal,
ele fez críticas à condução da política econômica e disse que o governo está "pagando o preço" de
ter buscado apoio de outros partidos para formar maioria no Congresso Nacional.
(KENNEDY ALENCAR, LEILA SUWWAN E LUCIANA CONSTANTINO)
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