São Paulo, sexta-feira, 10 de junho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"

Presidente faz apelo a Renan Calheiros e a Severino Cavalcanti, diz que pode transformar MPs em projetos de lei e acena com reforma política

Lula pede que CPI não paralise o Congresso

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo ontem aos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE), para que o Congresso não fique "paralisado" durante a CPI dos Correios. E prometeu medidas de incentivo à economia até a próxima semana.
Lula está disposto a fazer concessões, como negociar a transformação de medidas provisórias em projetos de lei para limpar a pauta do Congresso. E, numa correção de rumos em relação à estratégia de empunhar a bandeira da reforma política numa hora de crise, pediu que Renan e Severino priorizem o tema.
Anteontem, o presidente anunciou que em 45 dias o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, apresentaria um relatório com pontos de uma reforma política que o governo gostaria de ver aprovada no Congresso.
Essa estratégia pegou mal no Legislativo, pois está parada na Câmara uma proposta de reforma política aprovada no Senado há quase três anos.
A escolha de Thomaz Bastos para comandar essa operação, deixando em papel secundário o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo (PC do B), também produziu seqüelas. Aldo ficou chateado, pois foi excluído mais uma vez de uma missão importante na sua área.
"A conversa foi muito boa. O presidente pediu que o Senado e a Câmara continuem votando e aprovando projetos, porque é importante para o país", afirmou Renan, em entrevista após o encontro de ontem.
Segundo apurou a Folha, Lula pediu aos presidentes da Câmara e do Senado que buscassem demonstrar "normalidade" no Congresso, pois ele teme que a CPI dos Correios domine o ambiente político e inviabilize a aprovação de projetos.

Transparência
Sobre a CPI, Lula repetiu o que disse em discurso anteontem. Quer uma apuração "transparente", não importa quem seja atingido. Afirmou desejar ser "parceiro na respeitabilidade" do Congresso, ao falar da CPI.
Anteontem, em reunião na casa de Renan Calheiros, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, tratou de uma agenda mínima para se contrapor à crise política e ao funcionamento da CPI, cuja primeira sessão, ontem, foi tumultuada e suspensa.
Ontem, Lula prometeu adotar medidas para, de acordo com suas expressões, "aumentar a competitividade da economia" e "desonerar as exportações".
O presidente da República pediu a Renan e a Severino que retornem ao Palácio do Planalto na próxima segunda-feira para que possam avançar nas negociações sobre a reforma política e as medidas provisórias em tramitação que o governo está disposto a rever. Lula sugeriu fazer um encontro depois de segunda com o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Nelson Jobim, e com o procurador-geral da República, Claudio Fonteles.
Ontem, o ministro José Dirceu (Casa Civil), que estava em viagem à Europa, voltou e se reuniu com o presidente. Em Portugal, ele fez críticas à condução da política econômica e disse que o governo está "pagando o preço" de ter buscado apoio de outros partidos para formar maioria no Congresso Nacional.
(KENNEDY ALENCAR, LEILA SUWWAN E LUCIANA CONSTANTINO)

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