São Paulo, terça-feira, 10 de julho de 2001

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Vida na Rússia está pior do que em 1980

DA REDAÇÃO

Desemprego, salários atrasados, fome, serviços sociais falidos, escassez de energia e altos índices de alcoolismo e violência. Essa é a nova realidade dos russos, cujo padrão de vida, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), vem decaindo paulatinamente desde o fim da União Soviética.
De acordo com o novo relatório do Pnud, o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) na Rússia e na Romênia está abaixo do registrado em 1980, uma tendência verificada também em outros países do Leste Europeu e do antigo bloco soviético.
Na Bulgária e na Letônia, o IDH é inferior ao de 1985, enquanto na Ucrânia, em Belarus, na Lituânia e na Moldávia, o índice caiu em relação ao registrado em 1990.

Transição
A falência do Estado provedor e a atribulada transição para uma economia de mercado tiveram um preço alto para a população dos antigos países comunistas. Empregos, assistência social e produtos subsidiados desapareceram da noite para o dia.
Na Rússia, as dificuldades foram agravadas pela crise financeira de 1998, quando investidores estrangeiros, preocupados com o déficit na balança fiscal e com a crescente dívida pública, retiraram-se em massa, desvalorizando o rublo e levando o país à falência.
Em 1999, ano avaliado no relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, a economia russa passou a reagir e cresceu 3,2%.
A taxa de desemprego no país caiu de 14% para 11%, e a expectativa de vida (que entre 1989 e 1994 passou de 64 anos para 57) subiu para 66 anos.

Melhora
Isso ajudou a Rússia a melhorar sua posição no ranking mundial do IDH, passando do 62º lugar em 2000 para o 55º este ano. O índice continua, no entanto, abaixo do registrado em 1980.
"A qualidade dos serviços prestados pelo governo deteriorou-se desde 1991 e os pobres foram os mais afetados", diz um recente relatório do Banco Mundial.
De acordo com o Banco Mundial, 26% dos russos vivem abaixo da linha de pobreza, e o país enfrenta também uma redução populacional, com as mortes ultrapassando os nascimentos em cerca de 700 mil por ano.

África
A Zâmbia, na África austral, foi o país que sofreu o maior retrocesso no desenvolvimento humano. O IDH na ex-colônia britânica é inferior ao de 1975.
A expectativa de vida é de 41 anos, e a desnutrição atinge 45% da população. O país ainda sofre os efeitos de uma grave crise econômica deflagrada no início dos anos 70 pelo colapso dos preços do cobre no mercado internacional, pelo choque do petróleo e por políticas estatizantes.
Além de Zâmbia, outros 11 países africanos apresentaram retrocessos no IDH: Zimbábue, Botsuana, Burundi, Congo, Lesoto, Camarões, Quênia, África do Sul, Suazilândia, Maláui e Namíbia.
Um dos maiores problemas da região é o alastramento da Aids. A África do Sul tem 4,2 milhões de infectados, o maior número de pessoas no mundo convivendo com o HIV. A expectativa de vida no país caiu de 60 anos, em 1990, para 53, em 1999, por causa da doença. No Zimbábue, que tem 1,5 milhão de infectados, a expectativa de vida caiu de 65 anos para 43, e, em Botsuana, de 69 para 44.
A Aids também ameaça corroer a fraca economia da região. O PIB da África do Sul será 17% menor daqui a dez anos, e Botsuana será 20% mais pobre. (MD)



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