São Paulo, quarta-feira, 10 de julho de 2002

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CRISE NO GOVERNO

Paulo Sérgio Pinheiro alega ter sido indicado por FHC e fica na secretaria de Estado de Direitos Humanos

Cinco seguem Reale Jr. e pedem demissão

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A saída do advogado Miguel Reale Júnior da Justiça anteontem causou um efeito cascata no ministério. Cinco colaboradores do ex-ministro pediram demissão.
Entregaram seus cargos o secretário nacional de Justiça, João Benedicto de Azevedo Marques, o secretário nacional de Segurança Pública, Cláudio Tucci, o chefe de gabinete, José Oswaldo Vieira, e o presidente do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), Benedito Chiaradia.
Já na noite de anteontem, horas após a divulgação da demissão de Reale Júnior, o diretor-geral da PF, Itanor Neves Carneiro, também anunciou que deixaria o cargo. Ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que deixa a função por "motivos pessoais". O delegado também pedirá a sua aposentadoria.
Segundo Reale Jr., o ato de Carneiro foi "em solidariedade" com sua saída da pasta. "De todos os ministros da Justiça, eu teria sido o que mais fez pela Polícia Federal", disse Reale Júnior afirmando que recebeu um telefonema de Carneiro na noite de anteontem.

Novo diretor da PF
Ainda não há definição sobre o novo diretor-geral da Polícia Federal. O diretor de Polícia Judiciária, Armando de Assis Possa, deve assumir interinamente.
Além disso, o novo ministro, Paulo de Tarso Ramos Ribeiro, 42, também não terá o ouvidor da PF, já que o criminalista Adauto Suannes, nomeado na semana passada, afirmou que não vai tomar posse.
"Se um ministro da Justiça, por mais honrado que seja, é desautorizado publicamente, como foi o professor Miguel Reale Jr., imagine alguém que, como mero ouvidor, não rezasse pela cartilha que rege os interesses políticos. O episódio serve para que todos nós saibamos com quem estamos efetivamente lidando", afirmou o criminalista.
O novo ministro, que deixou o cargo de secretário de Direito Econômico para assumir a pasta, indicará novos integrantes para as secretarias. Ribeiro toma posse hoje, às 10h, no Ministério da Justiça e Miguel Reale Jr. transmite o cargo às 11h para Ribeiro.
Já o secretário de Estado dos Direitos Humanos, Paulo Sérgio Pinheiro, que chegou a ser cogitado que deixaria o cargo, afirmou que permanecerá.
Pinheiro informou, por meio de sua assessoria, que, apesar de a secretaria ser parte da estrutura do Ministério da Justiça, não pedirá demissão porque foi indicado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, e não por Reale.
Pinheiro, ex-professor da USP (Universidade de São Paulo) e integrante do Núcleo de Estudos da Violência, assumiu a secretaria em novembro do ano passado.



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