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CRISE NO GOVERNO
Paulo Sérgio Pinheiro alega ter sido indicado por FHC e fica na secretaria de Estado de Direitos Humanos
Cinco seguem Reale Jr. e pedem demissão
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A saída do advogado Miguel
Reale Júnior da Justiça anteontem
causou um efeito cascata no ministério. Cinco colaboradores do
ex-ministro pediram demissão.
Entregaram seus cargos o secretário nacional de Justiça, João Benedicto de Azevedo Marques, o
secretário nacional de Segurança
Pública, Cláudio Tucci, o chefe de
gabinete, José Oswaldo Vieira, e o
presidente do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito),
Benedito Chiaradia.
Já na noite de anteontem, horas
após a divulgação da demissão de
Reale Júnior, o diretor-geral da
PF, Itanor Neves Carneiro, também anunciou que deixaria o cargo. Ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que
deixa a função por "motivos pessoais". O delegado também pedirá a sua aposentadoria.
Segundo Reale Jr., o ato de Carneiro foi "em solidariedade" com
sua saída da pasta. "De todos os
ministros da Justiça, eu teria sido
o que mais fez pela Polícia Federal", disse Reale Júnior afirmando
que recebeu um telefonema de
Carneiro na noite de anteontem.
Novo diretor da PF
Ainda não há definição sobre o
novo diretor-geral da Polícia Federal. O diretor de Polícia Judiciária, Armando de Assis Possa, deve
assumir interinamente.
Além disso, o novo ministro,
Paulo de Tarso Ramos Ribeiro,
42, também não terá o ouvidor da
PF, já que o criminalista Adauto
Suannes, nomeado na semana
passada, afirmou que não vai tomar posse.
"Se um ministro da Justiça, por
mais honrado que seja, é desautorizado publicamente, como foi o
professor Miguel Reale Jr., imagine alguém que, como mero ouvidor, não rezasse pela cartilha que
rege os interesses políticos. O episódio serve para que todos nós
saibamos com quem estamos efetivamente lidando", afirmou o
criminalista.
O novo ministro, que deixou o
cargo de secretário de Direito
Econômico para assumir a pasta,
indicará novos integrantes para as
secretarias. Ribeiro toma posse
hoje, às 10h, no Ministério da Justiça e Miguel Reale Jr. transmite o
cargo às 11h para Ribeiro.
Já o secretário de Estado dos Direitos Humanos, Paulo Sérgio Pinheiro, que chegou a ser cogitado
que deixaria o cargo, afirmou que
permanecerá.
Pinheiro informou, por meio de
sua assessoria, que, apesar de a secretaria ser parte da estrutura do
Ministério da Justiça, não pedirá
demissão porque foi indicado pelo presidente Fernando Henrique
Cardoso, e não por Reale.
Pinheiro, ex-professor da USP
(Universidade de São Paulo) e integrante do Núcleo de Estudos da
Violência, assumiu a secretaria
em novembro do ano passado.
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