São Paulo, quarta-feira, 10 de julho de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Tucano segura pistola descarregada e faz crítica velada a FHC

Com arma na mão, Serra fala em "politizar a segurança"

Alan Marques/Folha Imagem
Serra segura pistola Glock alemã, de calibre 9 mm, ao lado do senador Ramez Tebet, em Corumbá


OTÁVIO CABRAL
ENVIADO ESPECIAL A CORUMBÁ (MS)

O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, fez ontem uma crítica velada à política de segurança de seu colega de partido, o presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Na democracia, ou se politiza um problema ou não há solução. Eu vou politizar a segurança pública com uma seriedade que nunca houve no país", afirmou Serra, durante visita a Corumbá (MS), na fronteira com a Bolívia, uma das principais portas de entrada ilegal de entorpecentes e armas contrabandeadas no Brasil.
O tucano disse que planeja criar uma tropa fardada da Polícia Federal para combater o tráfico de drogas e de armas nas fronteiras do Brasil. Para falar sobre o assunto, pegou uma pistola automática, descarregada, de um policial federal que o escoltava.
Diante de um grupo de políticos e jornalistas, no último posto da fronteira brasileira antes de Puerto Quijaro (Bolívia), o candidato manuseou uma Glock alemã, de calibre 9 mm, para falar que milhares de armas como aquela entram no Brasil ilegalmente pelas fronteiras.
"Não sei dizer se isso é uma 9 mm ou uma 9 cm. Só sei dizer que isso tem que ser combatido", declarou o tucano. A pistola estava na pasta do policial federal que acompanhava Serra desde a chegada ao aeroporto da cidade. O policial já estava sabendo da intenção do candidato em pegar a arma, pois a entregou assim que Serra se virou para ele.
A arma ficou cerca de cinco minutos nas mãos do presidenciável, que estava ao lado do presidente do Senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), da candidata a vice em sua chapa, Rita Camata (PMDB-ES), e da candidata tucana ao governo do Estado, Marisa Serrano, entre outros políticos. Todos se espantaram ao ver a pistola com Serra, mas se acalmaram quando ele mostrou que o pente de balas havia sido retirado.
A segurança é um dos principais problemas do Mato Grosso do Sul, principalmente nas áreas de fronteiras. O tema também é um dos mais importantes da campanha presidencial, devido à crise de violência nas grandes cidades -mais notadamente Rio e São Paulo- e ao pedido de intervenção federal no Espírito Santo devido à influência do crime organizado nos poderes constituídos. O pedido foi arquivado anteontem, o que provocou críticas de Rita Camata a FHC.
Em um eventual governo do tucano, sua intenção é triplicar o efetivo da Polícia Federal, alcançando cerca de 20 mil homens. Desses, 10 mil trabalhariam fardados nas fronteiras, combatendo, além do tráfico de drogas e de armas, crimes relacionados ao meio ambiente. O restante do efetivo seria responsável por ações de inteligência e de informação.
Serra também quer envolver os municípios no combate a pequenos delitos e aumentar a responsabilidade dos Estados no setor de segurança. Também promete modificar a legislação penal a fim de tornar mais rápidas e eficientes as condenações de criminosos. O programa da campanha presidencial do PSDB para o setor de segurança é elaborado por Milton Seligman, ex-secretário executivo do Ministério da Justiça, e pela juíza federal aposentada Denise Frossard.

Desemprego
Em sua passagem por Corumbá, Serra prometeu criar empregos em seu eventual governo desenvolvendo o turismo, a construção civil habitacional, a saúde, a educação e a agricultura irrigada. Com isso, pretende reduzir a taxa de desemprego a "níveis administráveis", que seriam em torno de 4% da população economicamente ativa.


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