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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Candidato critica petista por aliança com o PL; Roberto Freire diz agora que apoio pefelista é bem-vindo
Ciro procura PFL e tenta polarizar com Lula
RAQUEL ULHÔA
ENVIADA ESPECIAL A UBERABA
Recebido em Minas Gerais por
um PFL em festa, que vem aderindo à sua candidatura na proporção de seu crescimento nas pesquisas, o presidenciável do PPS,
Ciro Gomes, disse que precisará
dos pefelistas para governar. Com
ataques a Luiz Inácio Lula da Silva
(PT), Ciro tenta agora polarizar a
disputa com o candidato petista.
""Enquanto o apoio do PFL não
for nos 27 Estados, não sossegarei", disse Ciro. Num eufemismo
para designar a ligação do PFL
com o poder, o presidenciável
afirmou que ""o partido tem uma
tradição política, que é respeitável, de manejo de Estado".
Ciro disse que Lula, por sua vez,
terá de explicar suas recentes
alianças com o PL e com o ex-governador de São Paulo Orestes
Quércia (PMDB), porque passou
16 anos como ""a majestade solitária da ética e dos bons costumes".
""Quem vai morder a língua por
dizer "eu sou o puro, os outros são
impuros" não sou eu. É o Lula, que
está com o PL e se abraçando com
o Quércia. Eu não. Com as minhas cicatrizes, meus calos e minha calva, compreendo que o
próximo presidente do Brasil vai
fazer uma transição delicadíssima
e é preciso sustentação. É preciso
quadros para governar, interlocução federativa e mediação no
Congresso", declarou Ciro.
O presidente nacional do PFL,
Jorge Bornhausen (SC), manifestou seu apoio formal pessoal a Ciro em Uberaba (MG) e anunciou
o início de uma ""mobilização nacional" para ampliar as adesões
de pefelistas à candidatura. ""Vamos dar uma boa mexida na eleição presidencial", disse.
Ontem, a cúpula pefelista recebeu a notícia de mais dois Estados
onde uma ala majoritária do PFL
decidiu apoiar Ciro: Goiás e Espírito Santo. ""Serra é qualificado,
mas ninguém o apóia com convicção", disse o deputado federal
Vilmar Rocha (PFL-GO).
Após perder sua pré-candidata
à Presidência, Roseana Sarney
(MA), e o espaço político na aliança governista, dirigentes pefelistas
apostam no crescimento de Ciro.
Para eles, se Serra vencer, o PFL
não passaria de coadjuvante do
PSDB e do PMDB.
O presidente do PPS, senador
Roberto Freire (PE), que resistiu
ao apoio do PFL a Ciro, afirmou
ontem que a adesão dos pefelistas
agora é ""bem-vinda", já que o
projeto político de centro-esquerda do candidato está preservado.
Ciro disse ainda que Lula ""traiu
a confiança" dos brasileiros que o
apóiam e acreditam em suas promessas de transformação do país,
com a posição manifestada na
""Carta ao Povo Brasileiro", destinada a acalmar o mercado.
Em Belo Horizonte, Ciro disse
que, se for eleito presidente, quer
"preparar o país para o parlamentarismo". Prometeu devolver ao
país a estratégia do crescimento
econômico e instituir novos caminhos para enfrentar a miséria.
Colaborou PAULO PEIXOTO, da Agência Folha, em Belo Horizonte
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