São Paulo, quarta-feira, 10 de julho de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Candidato critica petista por aliança com o PL; Roberto Freire diz agora que apoio pefelista é bem-vindo

Ciro procura PFL e tenta polarizar com Lula

RAQUEL ULHÔA
ENVIADA ESPECIAL A UBERABA

Recebido em Minas Gerais por um PFL em festa, que vem aderindo à sua candidatura na proporção de seu crescimento nas pesquisas, o presidenciável do PPS, Ciro Gomes, disse que precisará dos pefelistas para governar. Com ataques a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ciro tenta agora polarizar a disputa com o candidato petista.
""Enquanto o apoio do PFL não for nos 27 Estados, não sossegarei", disse Ciro. Num eufemismo para designar a ligação do PFL com o poder, o presidenciável afirmou que ""o partido tem uma tradição política, que é respeitável, de manejo de Estado".
Ciro disse que Lula, por sua vez, terá de explicar suas recentes alianças com o PL e com o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia (PMDB), porque passou 16 anos como ""a majestade solitária da ética e dos bons costumes".
""Quem vai morder a língua por dizer "eu sou o puro, os outros são impuros" não sou eu. É o Lula, que está com o PL e se abraçando com o Quércia. Eu não. Com as minhas cicatrizes, meus calos e minha calva, compreendo que o próximo presidente do Brasil vai fazer uma transição delicadíssima e é preciso sustentação. É preciso quadros para governar, interlocução federativa e mediação no Congresso", declarou Ciro.
O presidente nacional do PFL, Jorge Bornhausen (SC), manifestou seu apoio formal pessoal a Ciro em Uberaba (MG) e anunciou o início de uma ""mobilização nacional" para ampliar as adesões de pefelistas à candidatura. ""Vamos dar uma boa mexida na eleição presidencial", disse.
Ontem, a cúpula pefelista recebeu a notícia de mais dois Estados onde uma ala majoritária do PFL decidiu apoiar Ciro: Goiás e Espírito Santo. ""Serra é qualificado, mas ninguém o apóia com convicção", disse o deputado federal Vilmar Rocha (PFL-GO).
Após perder sua pré-candidata à Presidência, Roseana Sarney (MA), e o espaço político na aliança governista, dirigentes pefelistas apostam no crescimento de Ciro. Para eles, se Serra vencer, o PFL não passaria de coadjuvante do PSDB e do PMDB.
O presidente do PPS, senador Roberto Freire (PE), que resistiu ao apoio do PFL a Ciro, afirmou ontem que a adesão dos pefelistas agora é ""bem-vinda", já que o projeto político de centro-esquerda do candidato está preservado.
Ciro disse ainda que Lula ""traiu a confiança" dos brasileiros que o apóiam e acreditam em suas promessas de transformação do país, com a posição manifestada na ""Carta ao Povo Brasileiro", destinada a acalmar o mercado.
Em Belo Horizonte, Ciro disse que, se for eleito presidente, quer "preparar o país para o parlamentarismo". Prometeu devolver ao país a estratégia do crescimento econômico e instituir novos caminhos para enfrentar a miséria.


Colaborou PAULO PEIXOTO, da Agência Folha, em Belo Horizonte


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