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Aids matou dois irmãos
da Sucursal do Rio
Muito antes de sua agonia, o sociólogo Herbert de Souza enfrentou a dor da perda de seus irmãos
Henrique de Souza Filho, o cartunista Henfil, e Francisco Mário Figueiredo de Souza, o músico Chico
Mário -também vítimas da Aids.
Com a morte de Henfil, em 4 de
janeiro de 1988, ganhou destaque o
drama dos três irmãos hemofílicos
que contraíram o vírus da Aids em
transfusões de sangue. Em 2 de
março de 88, morreria Chico Mário, aos 39 anos.
Dos oito filhos do fazendeiro
Martiniano César e Maria Figueiredo de Souza, Henfil era o mais
conhecido -até que morreu e
Herbert de Souza, o Betinho, se
projetou nacionalmente ao liderar
campanhas por um maior controle
do sangue distribuído no país e
contra a fome e a miséria.
A primeira vez que o grande público teve uma referência de Betinho foi por causa do irmão cartunista, no final dos anos 70, quando
Elis Regina gravou a música "O
bêbado e a equilibrista", de João
Bosco e Aldir Blanc, em que cantava que o país sonhava com "a volta (do exílio) do irmão do Henfil".
Henfil foi uma personalidade de
destaque na oposição ao regime
militar, principalmente no início
dos anos 70, quando passou a desenhar para "O Pasquim" e o
"Jornal do Brasil".
Com o humor e a crítica sutil de
seu traço, que criou personagens
como a Graúna e o Zeferino, mostrou as misérias do país.
No final dos anos 70, também a
partir de Henfil, ficaria conhecida
a mãe, a "Dona Maria", destinatária das cartas que o cartunista publicava na revista "Isto É" falando
de problemas do Brasil.
Por ironia do destino, o arranjador, compositor e violonista Chico
Mário ganhou destaque nacional à
época de sua agonia e morte. Até
então, ele havia lançado cinco discos e era conhecido apenas em um
círculo mais restrito.
Voltado principalmente para a
música instrumental, o compositor havia optado por um processo
independente de criação, para fugir das exigências e limitações artísticas das grandes gravadoras.
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