São Paulo, sábado, 10 de agosto de 2002

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TRANSIÇÃO

Em nota, candidato diz que não avalizará acordo com Fundo e que, se eleito, mudará política econômica

Ciro avalia FMI como sendo "única saída"

LUIZA DAMÉ
ENVIADA ESPECIAL A UBERLÂNDIA (MG)

Um dia após classificar o acordo com o FMI de "desastre" e diante de rumores do mercado financeiro de que ele seria o responsável pela alta do dólar, o candidato da Frente Trabalhista à Presidência, Ciro Gomes, divulgou uma nota afirmando que o empréstimo "talvez seja a única saída para superar, no curto prazo, a grave crise financeira que o país enfrenta e que foi construída pelo modelo econômico desastroso implementado pelo atual governo".
Depois de fechar em queda anteontem, a moeda norte-americana apresentou ontem alta de 3,78%, ficando em R$ 3,02.
Na nota, divulgada por volta das 14h, o presidenciável se compromete, se eleito, com a austeridade fiscal, a estabilidade da moeda e o respeito aos contratos. Também diz que, se eleito, mudará a atual política econômica, mas cumprindo "a lei e os exclusivos interesses da população".
Em visita a Uberlândia (MG), Ciro Gomes voltou a criticar a divulgação festiva do acordo. Afirmou ainda que, como candidato de oposição, não vai avalizá-lo.
Em reunião com empresários da cidade, no início da tarde, Ciro disse estar sendo "pressionado de forma desumana a bater palma para uma situação a que esse modelo econômico levou o Brasil".
"Eu seria o último brasileiro a atrapalhar esse entendimento, mas daí a fazer festa na televisão, fazer disso uma maravilha que demonstra o prestígio do governo brasileiro nas instituições internacionais, não. Venham com outra. Paciência. Comigo, não, violão", disse Ciro.
Ao afirmar que não havia outra saída para a crise financeira brasileira que não o empréstimo do FMI, ele disse: "Mas pedir para eu elogiar, devagar com o andor. Eu sou candidato de oposição. Quem quiser ficar com a situação, o outro candidato é que representa a continuidade", disse em referência ao candidato do governo, José Serra (PSDB).
Ao chegar a Uberlândia, pouco antes do meio dia, Ciro afirmou que não se pode fazer do acordo um motivo de festa.
O presidenciável afirmou ainda que não avalizará o acordo com o FMI porque esse não é o papel de candidato de oposição, mas não disse se mudará os termos do empréstimo caso seja eleito.
"Candidato de oposição não pode ser chamado a ter responsabilidade por entendimentos internacionais que só o governo pode fazer", afirmou.
O presidenciável disse desconhecer os termos do entendimento com o FMI.
"A única coisa que eu digo é que não tinha outra saída. Compreendo isso. Agora também não vou aceitar que se transforme um fato que é ruim para o Brasil em um fato positivo", disse.


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