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TRANSIÇÃO
Em nota, candidato diz que não avalizará acordo com Fundo e que, se eleito, mudará política econômica
Ciro avalia FMI como sendo "única saída"
LUIZA DAMÉ
ENVIADA ESPECIAL A UBERLÂNDIA (MG)
Um dia após classificar o acordo
com o FMI de "desastre" e diante
de rumores do mercado financeiro de que ele seria o responsável
pela alta do dólar, o candidato da
Frente Trabalhista à Presidência,
Ciro Gomes, divulgou uma nota
afirmando que o empréstimo
"talvez seja a única saída para superar, no curto prazo, a grave crise financeira que o país enfrenta e
que foi construída pelo modelo
econômico desastroso implementado pelo atual governo".
Depois de fechar em queda anteontem, a moeda norte-americana apresentou ontem alta de
3,78%, ficando em R$ 3,02.
Na nota, divulgada por volta das
14h, o presidenciável se compromete, se eleito, com a austeridade
fiscal, a estabilidade da moeda e o
respeito aos contratos. Também
diz que, se eleito, mudará a atual
política econômica, mas cumprindo "a lei e os exclusivos interesses da população".
Em visita a Uberlândia (MG),
Ciro Gomes voltou a criticar a divulgação festiva do acordo. Afirmou ainda que, como candidato
de oposição, não vai avalizá-lo.
Em reunião com empresários
da cidade, no início da tarde, Ciro
disse estar sendo "pressionado de
forma desumana a bater palma
para uma situação a que esse modelo econômico levou o Brasil".
"Eu seria o último brasileiro a
atrapalhar esse entendimento,
mas daí a fazer festa na televisão,
fazer disso uma maravilha que
demonstra o prestígio do governo
brasileiro nas instituições internacionais, não. Venham com outra. Paciência. Comigo, não, violão", disse Ciro.
Ao afirmar que não havia outra
saída para a crise financeira brasileira que não o empréstimo do
FMI, ele disse: "Mas pedir para eu
elogiar, devagar com o andor. Eu
sou candidato de oposição. Quem
quiser ficar com a situação, o outro candidato é que representa a
continuidade", disse em referência ao candidato do governo, José
Serra (PSDB).
Ao chegar a Uberlândia, pouco
antes do meio dia, Ciro afirmou
que não se pode fazer do acordo
um motivo de festa.
O presidenciável afirmou ainda
que não avalizará o acordo com o
FMI porque esse não é o papel de
candidato de oposição, mas não
disse se mudará os termos do empréstimo caso seja eleito.
"Candidato de oposição não
pode ser chamado a ter responsabilidade por entendimentos internacionais que só o governo pode
fazer", afirmou.
O presidenciável disse desconhecer os termos do entendimento com o FMI.
"A única coisa que eu digo é que
não tinha outra saída. Compreendo isso. Agora também não vou
aceitar que se transforme um fato
que é ruim para o Brasil em um
fato positivo", disse.
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