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CASO BANESTADO
Relator diz que não acusou ninguém e insinua que oposição vaza dados para "desestabilizar o governo Lula"
"Por que não os banqueiros?", indaga Mentor
CATIA SEABRA
REPORTAGEM LOCAL
O relator da CPI Mista do Banestado, deputado federal José
Mentor (PT-SP), justificou ontem
a quebra generalizada de sigilos a
pedido da comissão. Contando
ter apoiado uma proposta do presidente da CPI, o senador Antero
Paes de Barros (PSDB-MT), Mentor alegou que precisava desses
dados para verificar a legalidade
de operações financeiras.
No sábado, a Folha revelou que
a CPI quebrou, a pedido de Mentor, o sigilo fiscal de alguns dos
principais banqueiros e executivos financeiros do país que enviaram recursos ao exterior de 1996 a
2002. A comissão pediu à Receita
os dados de ao menos 29 pessoas
que atuavam no mercado nesse
período, incluindo executivos do
Itaú, Bradesco, Unibanco e Safra.
José Mentor argumentou ontem que a solicitação de quebra
dos sigilos fiscais não pode ser encarada como uma condenação
prévia: "Por que não investigar
banqueiro?", perguntou o relator
da CPI. E acrescentou: "Não estou
chamando ninguém de bandido".
A quebra dos sigilos, argumentou, "era o que tinha de ser feito
para separar as operações e ver
quais eram legais ou não".
Sem responsabilizar diretamente o senador Antero Paes de Barros pelo vazamento das informações, o relator aponta a origem
política da crise na CPI. Segundo
ele, a intenção é "desestabilizar o
governo Lula", num momento de
recuperação econômica e de bom
desempenho eleitoral dos candidatos do PT e seus aliados.
"Querem criar uma crise econômica que é artificial", defendeu-se. Além disso, acusou, o vazamento beneficiaria aqueles que
são contra a continuidade da investigação: "Ou você não sabia
que o Antero e o Arthur Virgílio
[líder do PSDB no Senado] queriam que a CPI acabasse em junho? Eles não querem é ouvir o
Gustavo Franco [presidente do
Banco Central de 1997 a 1999]".
O relator da CPI promete apresentar ainda hoje à comissão os
critérios para a quebra dos sigilos.
A lista de nomes que tiveram o sigilo fiscal quebrado é de pessoas
que estavam na relação do Banco
Central. "Todos eles movimentaram CC5. Era preciso confrontar
com a declaração de renda para
ver se havia lastro legal", afirmou.
Outra quebra que chamou de
genérica foi a do sigilo bancário
de todos os brasileiros que sacaram mais de R$ 50 mil nos bancos
de Foz de Iguaçu. Segundo ele, havia a informação, hoje confirmada, de que o dinheiro atravessava
a fronteira e voltava como produto de venda de comerciante no
Paraguai. "Como descobriríamos
isso sem a quebra?", perguntou.
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