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PERNAMBUCO
Caso mais grave é o de Santa Cruz do Capibaribe, onde os habitantes vivem um dia com água e dez sem
Estiagem já atinge as cidades do agreste
VANDECK SANTIAGO
Santa Cruz do Capibaribe (PE)
A seca que
atinge o Nordeste não se restringe à zona rural do sertão;
alastrou-se para
o agreste e está
também afetando áreas urbanas, provocando colapso de abastecimento de água
em cidades da região. É a chamada
"seca urbana".
Em pelo menos cinco municípios do agreste a estiagem já provocou a necessidade de racionamento. Em Caruaru (130 km de
Recife), por exemplo, em alguns
bairros a população tem um dia
com água e dez sem.
O caso mais grave, porém, é o de
Santa Cruz do Capibaribe (215 km
de Recife). A barragem Poço Fundo, que abastecia a cidade, secou.
O que restou de água forma um
pequeno poço que é utilizado por
mulheres para lavar roupas.
O trecho do rio Capibaribe que
passa pelo município secou.
Há quatro meses toda a cidade
vive o drama da falta de água. Hospitais, lojas, residências têm que
comprar água e armazená-la em
cisternas, caixas de água, latas ou
baldes.
"E não há o menor sinal de que
a situação vá melhorar. Parece até
que o pior ainda está por vir", disse o presidente da Comissão Municipal Contra a Seca e secretário
da Agricultura, Natálio Arruda.
O agreste é uma área de transição entre o litoral e o semi-árido.
Santa Cruz tem 47 mil habitantes,
oficialmente, dos quais menos de
10% moram na zona rural.
A cidade é conhecida em todo o
Estado pela produção de "sulanca" (confecção popular), realizada em microindústrias de fundo
de quintal.
A característica industrial e comercial do município atrai gente
de todo o Estado, em busca de emprego, tornando Santa Cruz do
Capibaribe um pequeno pólo de
atração para migrantes. "Hoje,
com essa população flutuante, nós
temos aqui pelo menos umas 60
mil pessoas", disse Arruda.
Para o diretor do Sindicato de
Trabalhadores Rurais, Abner Climério, a população urbana de
Santa Cruz está "sentindo o sofrimento pelo qual passa o morador
da zona rural".
A frente de trabalho instalada na
cidade tem 452 alistados. Precisaria de pelo menos o dobro, diz o
sindicato e o presidente da Comissão Municipal Contra a Seca.
O abastecimento está sendo feito
por caminhões-pipa e carroceiros,
que transportam a água em carroças puxadas por jumento.
Em áreas pobres, caminhões-pipa pagos pela prefeitura e pelo governo do Estado fazem a distribuição gratuita da água -mesmo assim, em quantidade insuficiente.
Nos carroceiros, a lata de água é
comprada por R$ 0,50.
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