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DÍVIDA PÚBLICA
Prefeito de SP tenta evitar intervenção
Recurso de Pitta fracassa no STF
SILVANA DE FREITAS
da Sucursal de Brasília
O prefeito de São Paulo, Celso Pitta (sem partido), fracassou na tentativa de barrar, no
STF (Supremo Tribunal Federal), uma ordem de intervenção estadual no município, determinada por causa do não-pagamento de uma dívida de
R$ 10.796,60.
Há três semanas, o governador Mário Covas (PSDB) disse
que "está decidindo" se decreta
ou não a intervenção em 80
municípios paulistas que não
quitaram precatórios (dívidas
com pagamento determinado
pela Justiça).
Formalmente, Covas é obrigado a decretar a intervenção
nos municípios quando há ordem do Tribunal de Justiça do
Estado, sob pena de ser submetido a um processo de impeachment e de responder a
uma ação penal por omissão de
deveres no cargo.
Pitta recorreu ao STF contra
a decisão do tribunal paulista,
de novembro de 1997, que requisitou a Covas a decretação
da intervenção na capital.
O ministro do STF Celso de
Mello rejeitou o recurso por razões processuais. Segundo ele,
o Supremo não pode modificar
esse tipo de decisão porque ela
é político-administrativa e não
judicial. Ele tomou decisão
idêntica em relação a Diadema.
Nesse caso, a ameaça sobre a
prefeitura paulistana existe
porque, conforme o Tribunal
de Justiça, ela não quitou um
precatório cobrado por Josefina Rodrigues Pinto em ação de
desapropriação de terreno.
O precatório de R$ 10.796,60
foi expedido em março de 1996
após a correção pelo TJ do valor da dívida, paga antes. O dinheiro deveria ser liberado em
1997, o que não ocorreu.
O não-pagamento desse tipo
de dívida equivale ao descumprimento de ordem judicial.
Nesses casos, a Constituição
autoriza a intervenção federal
nos Estados e a estadual nos
municípios.
O próprio governo Covas
tem pelo menos 600 processos
pendentes no STF em que credores do Estado pedem a intervenção federal por descumprimento de ordem de quitação
desse tipo de dívida.
O STF está para decidir se requisitará ou não ao governo federal a intervenção no Estado.
A tendência é aceitar o argumento do governo estadual de
falta de recursos para saldar todos os precatórios pendentes,
que somariam em torno de R$
5 bilhões. Já o tribunal paulista
tem rejeitado esse argumento
dos municípios.
Pitta incluiu os precatórios
na negociação com o governo
federal para a federalização da
dívida paulistana.
Antes do Plano Real, os precatórios eram pagos sistematicamente com valores defasados por causa da inflação alta.
Hoje, Estados e municípios não
conseguem quitá-los.
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