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SEGREDOS DO PODER
Documento estaria com o agente Telmo, suposto autor
Polícia crê que a ordem para o grampo foi escrita
RONALDO SOARES
SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio
A PF (Polícia Federal) está convencida de que existe uma ordem
de serviço escrita em que a direção da SSI (Subsecretaria de Inteligência) do governo federal
orienta agentes no Rio a instalar
grampos no BNDES na época da
privatização das teles, no ano passado.
Esse suposto documento, que
está sendo procurado pela PF, é
considerado pelos investigadores
a prova que falta para elucidar a
autoria do grampo e encerrar o
inquérito.
Suspeita-se, nas investigações
conduzidas pelos agentes federais, de que a ordem de serviço estaria em poder de Temílson Resende, o Telmo, analista de informações da SSI no Rio e principal
acusado de ser o autor do grampo.
Desse documento constaria a
determinação para que a equipe
da SSI lotada no Rio grampeasse
os telefones de executivos do governo que atuaram no processo
de venda das estatais de telecomunicações.
O documento, se localizado,
comprovaria a tese dos policiais
federais encarregados da investigação de que o grampo foi institucional, ou seja, teria sido uma determinação oficial da SSI na tentativa de descobrir possíveis irregularidades no processo de privatização.
Em princípio, o governo descarta essa hipótese. Em entrevista à
Folha na sexta-feira, o general Alberto Cardoso disse que essa ordem de ""grampo institucional"
nunca foi proferida.
Cardoso é o chefe do Gabinete
de Segurança Institucional, ex-Casa Militar, e responsável pela
área de inteligência do governo. O
grampo derrubou nomes-chave
do governo, como o então ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros (Comunicações).
A Folha apurou que, para a PF,
a ordem de serviço conteria autorização para a compra de material
usado em grampos -equipamento que é conectado às linhas
telefônicas e a gravadores.
As suspeitas de que o documento estaria com Telmo foram reforçadas pela principal testemunha
do caso, o ex-agente federal Célio
Arêas Rocha, que em dossiê entregue à Justiça afirma que o analista da SSI teria uma "carta na
manga" se fosse incriminado no
caso.
No dossiê, Rocha diz que Telmo
tem "cópias de documentos da
Abin (Agência Brasileira de Inteligência, como é conhecida a SSI)
e/ou outros órgãos como "carta na
manga" para apresentar à imprensa ou à Justiça, caso seja condenado".
De acordo com as investigações
da PF, Telmo teria sido designado
para realizar a escuta.
Após fazer o trabalho, teria negociado as fitas com pessoas interessadas em conhecer os bastidores da privatização das empresas
de telecomunicações.
Esta semana, o presidente do inquérito, delegado federal Rubens
Grandini, pedirá à Justiça mais
dez dias para encerrar definitivamente as investigações.
O prazo é considerado por
Grandini suficiente para que o esclarecimento do caso, segundo a
Folha apurou.
Quatro pessoas já foram indiciadas. Duas delas acusadas pelo
grampo: Telmo e o detetive particular Adilson Alcântara de Matos.
O ex-coordenador da SSI no Rio
João Guilherme Almeida, atualmente em Brasília, e o coordenador de Operações da SSI, Gersy
Firmino da Silva, foram indiciados sob a acusação de falso testemunho nos depoimentos que
prestaram à Polícia Federal.
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