PAULO MOTA
da Agência Folha, em Fortaleza

A Teleceará, estatal do setor de telefonia que foi comprada pela Telemar, contratou o pré-candidato do PPS à Presidência da República, Ciro Gomes, por R$ 6.300, em 1997, para fazer uma palestra sobre conjuntura nacional para o seu corpo técnico.
O então presidente da Teleceará era Assis Miranda, que ocupou a presidência da Cagece (Companhia de Águas e Esgotos do Ceará) no governo Ciro (1991-94).
Miranda é ligado politicamente ao vice-governador do Estado, Beni Veras (PSDB). O diretor econômico-financeiro da Teleceará era o irmão mais velho de Ciro, Lúcio Gomes, que havia sido seu chefe de gabinete no governo.
Lúcio disse que não interferiu na contratação de Ciro. "Quem contratou a palestra foi a diretoria administrativa. Nas palestras, Ciro sempre fez críticas construtivas ao governo FHC. Ele fez várias palestras pelo país, e era normal que fosse convidado pela Teleceará", declarou Lúcio.
Ocupante de um cargo de diretoria da Teleceará até a sua privatização, em julho de 1998, Lúcio não vê incoerência em participar de um governo que foi duramente criticado pelo seu irmão.
"Meu cargo era mais técnico do que político. Tanto que continuo na empresa mesmo depois de privatizada. Quem me convidou para a diretoria da Teleceará foi o governador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Quando Ciro saiu do PSDB, em 97, eu entreguei minha carta de demissão, mas pediram que eu ficasse", disse.
Outro aliado político de Ciro que ocupa cargo comissionado no governo FHC desde o seu início é a chefe da DRT (Delegacia Regional do Trabalho) no Ceará, Ana Lourdes Nogueira.
Ex-secretária da Administração do governo Ciro, Ana Lourdes diz que se mantém filiada ao PSDB, mas se considera politicamente mais afinada com Ciro. Ela afirma que foi indicada para o cargo pela bancada governista do Ceará. "Continuo porque minha gestão tem sido essencialmente técnica."
Outra "cirista" com um cargo no governo FHC é a presidente da Companhia Docas do Ceará, Marfisa Aguiar, ex-secretária de Desenvolvimento Urbano.


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