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RUMO A 2002
Ex-ministro diz que pode ter cometido engano em declaração
"Se cometi um erro, devo ser punido", afirma Ciro
da Reportagem Local
O ex-ministro da Fazenda Ciro
Gomes disse que pode "ter cometido um erro" ao não declarar
parte das receitas que ele obteve
em 95 e em 97. "Se cometi um erro, devo ser punido", afirma.
Ciro deixou de declarar a bolsa
de estudos que recebeu da Fundação Ford, o valor ganho com o leilão de objetos pessoais em sua casa, o suposto empréstimo do Audi A-6 pelo Beach Park e os valores obtidos do espólio de seu pai.
As duas primeiras omissões referem-se a 95 e são de rendimentos não-tributáveis. As duas últimas são de 97 e seriam receitas sujeitas ao pagamento de impostos,
de acordo com a Receita Federal.
O ex-ministro diz que nunca escondeu as receitas que deixou de
declarar ao Imposto de Renda.
"Na minha convicção, pelo que
conheço das leis, achei que não
estava obrigado a declarar esses
rendimentos", afirma.
Ele admitiu a possibilidade de
ter cometido um erro após ter sido informado que a Receita Federal considera necessária a declaração de rendimentos isentos e não-tributáveis.
Ciro também não vê problemas
no uso do Audi A-6 como remuneração por seu trabalho no
Beach Park ou no recebimento da
rentabilidade das fazendas de seu
pai, que estão no espólio.
"Está provado que paguei minhas contas com o dinheiro que
recebi. Posso ter cometido o erro
de não declarar, mas que recebi
esse dinheiro, recebi", diz.
Ciro diz não admitir que se fale
que ele utilizou qualquer dinheiro
que não foi ganho por ele mesmo
para pagar suas contas. "Minha
dignidade é a única coisa que eu
tenho", afirma.
O ex-governador diz que nunca
foi acusado no campo moral. "Tenho muita preocupação com isso.
Não existe um processo do Ministério Público contra mim."
Ciro diz que ganhava US$ 7.000
por mês à época em que morava
nos Estados Unidos -US$ 2.000
da bolsa da Ford e US$ 5.000 do
"Jornal do Brasil"- e que seus
rendimentos eram suficientes para cobrir todas as despesas.
Ele falou com a Folha do Rio de
Janeiro, sem ter as declarações em
mãos. "Não posso falar em valores exatos porque não tenho nenhum número comigo. Mas sei a
ordem de grandeza dos números", diz.
Declarações
Ciro Gomes afirmou que colocaria todas as suas declarações de
Imposto de Renda à disposição
da Folha e que daria uma procuração para que suas contas bancárias fossem vasculhadas.
"Minhas contas são tão simples
que quem cuida delas é um contador de Sobral (cidade do interior
do Ceará, na qual Ciro iniciou sua
carreira política)", diz.
O presidenciável afirma que as
dúvidas sobre suas declarações de
renda podem ser esclarecidas
com seu irmão Lúcio Gomes (leia
texto na página anterior).
Ciro diz não acreditar na informação de que suas declarações de
Imposto de Renda foram obtidas
junto aos tribunais eleitorais.
"Você está dizendo isso para preservar a sua fonte, que é o governo", afirma.
Ele se disse perplexo com o fato
da Justiça Eleitoral ter acesso às
suas declarações de renda e negou
ter entregue seu Imposto de Renda ao TSE (Tribunal Superior
Eleitoral), em 98. "Foi o governo
que divulgou isso", diz.
Logo após o término do prazo
para o registro das candidaturas à
Presidência da República no ano
passado, o TSE divulgou a relação
de bens de todos os candidatos.
Entre as declarações entregues a
todos os jornalistas que procuraram havia o Imposto de Renda de
Ciro Gomes.
(ROBERTO COSSO)
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