São Paulo, Domingo, 10 de Outubro de 1999
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RUMO A 2002
Ex-ministro diz que pode ter cometido engano em declaração
"Se cometi um erro, devo ser punido", afirma Ciro

da Reportagem Local

O ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes disse que pode "ter cometido um erro" ao não declarar parte das receitas que ele obteve em 95 e em 97. "Se cometi um erro, devo ser punido", afirma.
Ciro deixou de declarar a bolsa de estudos que recebeu da Fundação Ford, o valor ganho com o leilão de objetos pessoais em sua casa, o suposto empréstimo do Audi A-6 pelo Beach Park e os valores obtidos do espólio de seu pai.
As duas primeiras omissões referem-se a 95 e são de rendimentos não-tributáveis. As duas últimas são de 97 e seriam receitas sujeitas ao pagamento de impostos, de acordo com a Receita Federal.
O ex-ministro diz que nunca escondeu as receitas que deixou de declarar ao Imposto de Renda. "Na minha convicção, pelo que conheço das leis, achei que não estava obrigado a declarar esses rendimentos", afirma.
Ele admitiu a possibilidade de ter cometido um erro após ter sido informado que a Receita Federal considera necessária a declaração de rendimentos isentos e não-tributáveis.
Ciro também não vê problemas no uso do Audi A-6 como remuneração por seu trabalho no Beach Park ou no recebimento da rentabilidade das fazendas de seu pai, que estão no espólio.
"Está provado que paguei minhas contas com o dinheiro que recebi. Posso ter cometido o erro de não declarar, mas que recebi esse dinheiro, recebi", diz.
Ciro diz não admitir que se fale que ele utilizou qualquer dinheiro que não foi ganho por ele mesmo para pagar suas contas. "Minha dignidade é a única coisa que eu tenho", afirma.
O ex-governador diz que nunca foi acusado no campo moral. "Tenho muita preocupação com isso. Não existe um processo do Ministério Público contra mim."
Ciro diz que ganhava US$ 7.000 por mês à época em que morava nos Estados Unidos -US$ 2.000 da bolsa da Ford e US$ 5.000 do "Jornal do Brasil"- e que seus rendimentos eram suficientes para cobrir todas as despesas.
Ele falou com a Folha do Rio de Janeiro, sem ter as declarações em mãos. "Não posso falar em valores exatos porque não tenho nenhum número comigo. Mas sei a ordem de grandeza dos números", diz.

Declarações
Ciro Gomes afirmou que colocaria todas as suas declarações de Imposto de Renda à disposição da Folha e que daria uma procuração para que suas contas bancárias fossem vasculhadas.
"Minhas contas são tão simples que quem cuida delas é um contador de Sobral (cidade do interior do Ceará, na qual Ciro iniciou sua carreira política)", diz.
O presidenciável afirma que as dúvidas sobre suas declarações de renda podem ser esclarecidas com seu irmão Lúcio Gomes (leia texto na página anterior).
Ciro diz não acreditar na informação de que suas declarações de Imposto de Renda foram obtidas junto aos tribunais eleitorais. "Você está dizendo isso para preservar a sua fonte, que é o governo", afirma.
Ele se disse perplexo com o fato da Justiça Eleitoral ter acesso às suas declarações de renda e negou ter entregue seu Imposto de Renda ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em 98. "Foi o governo que divulgou isso", diz.
Logo após o término do prazo para o registro das candidaturas à Presidência da República no ano passado, o TSE divulgou a relação de bens de todos os candidatos.
Entre as declarações entregues a todos os jornalistas que procuraram havia o Imposto de Renda de Ciro Gomes.
(ROBERTO COSSO)


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