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Autor sofreu perseguição ideológica
da Redação
Um incidente de caráter
político, relacionado à sua
profissão de diplomata, foi
decisivo para que João Cabral de Melo Neto não encerrasse sua carreira literária
nos anos 40.
O poeta pernambucano foi
admitido por concurso em
1945 para uma carreira diplomática no Itamaraty, a
qual só deixaria, aposentado, 45 anos depois.
Em 1947, o escritor é designado para ser vice-cônsul
em Barcelona. Na mais importante cidade da Catalunha, escreve "O Cão sem
Plumas", obra que, chegou a
acreditar o autor, seria sua
derradeira produção.
Mas o acaso de uma perseguição política acabou por
servir como estimulante para que sua carreira como escritor seguisse adiante.
O incidente ocorreu em
1952, quando João Cabral
voltou para o Brasil da Inglaterra, para onde havia sido
transferido. O político direitista Carlos Lacerda o acusou de atividades subversivas -o autor mantivera
contato com algumas figuras da esquerda espanhola.
Um inquérito foi aberto
para apurar a denúncia, e o
Itamaraty colocou João Cabral em disponibilidade. Em
1953, escreveu "O Rio".
Segundo disse o poeta ao
crítico Antonio Carlos Secchin, a intenção, ao escrever
esse livro, era de participar
de um importante concurso
de poesia. "Pensava em obter boa classificação para
que minha situação no Itamaraty fosse reconsiderada", afirmou.
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