São Paulo, Domingo, 10 de Outubro de 1999
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Autor sofreu perseguição ideológica

da Redação

Um incidente de caráter político, relacionado à sua profissão de diplomata, foi decisivo para que João Cabral de Melo Neto não encerrasse sua carreira literária nos anos 40.
O poeta pernambucano foi admitido por concurso em 1945 para uma carreira diplomática no Itamaraty, a qual só deixaria, aposentado, 45 anos depois.
Em 1947, o escritor é designado para ser vice-cônsul em Barcelona. Na mais importante cidade da Catalunha, escreve "O Cão sem Plumas", obra que, chegou a acreditar o autor, seria sua derradeira produção.
Mas o acaso de uma perseguição política acabou por servir como estimulante para que sua carreira como escritor seguisse adiante.
O incidente ocorreu em 1952, quando João Cabral voltou para o Brasil da Inglaterra, para onde havia sido transferido. O político direitista Carlos Lacerda o acusou de atividades subversivas -o autor mantivera contato com algumas figuras da esquerda espanhola.
Um inquérito foi aberto para apurar a denúncia, e o Itamaraty colocou João Cabral em disponibilidade. Em 1953, escreveu "O Rio".
Segundo disse o poeta ao crítico Antonio Carlos Secchin, a intenção, ao escrever esse livro, era de participar de um importante concurso de poesia. "Pensava em obter boa classificação para que minha situação no Itamaraty fosse reconsiderada", afirmou.



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