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ROMBO AMAZÔNICO
Ex-superintendente da Sudam depôs ontem sobre caso Usimar
Tourinho nega ligação com desvios
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
Ex-superintendente da extinta
Sudam e deputado estadual recém-eleito pelo Pará, Artur Guedes Tourinho (PMDB) negou ontem envolvimento em desvios de
verbas no caso Usimar.
Tourinho foi indicado na Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia) pelo seu amigo o ex-senador Jader
Barbalho. Ele e Jader estão entre
os denunciados pelo Ministério
Público Federal acusados de fraude na execução do projeto Usimar, com sede no Maranhão, que
não chegou a sair do papel.
Em seu depoimento, Tourinho
afirmou que "jamais sofreu pressões políticas para aprovação de
projetos na Sudam, aprovação
que passa por vários setores e envolve um colegiado [Condel]".
Na denúncia, os procuradores
da República afirmam que foram
liberados R$ 44,1 milhões para a
implantação do projeto, avaliado
em R$ 1,8 bilhão. Jader e Tourinho foram os últimos envolvidos
do Pará a prestarem depoimento
no processo. Jader negou anteontem o envolvimento nas fraudes.
A denúncia oferecida à Justiça
do Tocantins acusa 26 pessoas do
Maranhão e do Pará, entre elas
Jorge Murad, marido da ex-governadora e senadora eleita Roseana Sarney (PFL-MA), e o assessor de Jader, Antônio José Guimarães. Tourinho disse nunca ter
tratado "de nenhum assunto com
Roseana e que não recorda se chegou a conversar com Murad sobre
a carta-consulta da Usimar".
Os promotores descrevem, em
75 laudas, condutas que classificam como de "complexidade típica de uma organização criminosa,
com divisão de funções e de grupos de agentes, cada qual agindo
em diferentes Estados para a consecução final do intento ilícito".
No entanto, Tourinho declarou
que "jamais poderia dar informações privilegiadas da tramitação
do projeto Usimar, uma vez não
era mais superintendente da Sudam", na época da aprovação.
Após mostrarem, com quadros
e tabelas, a destinação dos recursos, os procuradores concluem
que a "movimentação [do dinheiro] espelha que pequena quantidade dos recursos provenientes
da Sudam, não mais que 20%, foram efetivamente aplicados na
Usimar. O restante foi desviado".
Os procuradores chamam Jader
Barbalho de "controlador do esquema Sudam" e citam os números de seis cheques, no valor total
de R$ 2,4 milhões, como prova de
que Jader recebeu o correspondente a 20% incidentes sobre parte dos recursos liberados para a
implantação do projeto Usimar.
Segundo os procuradores, os
cheques eram entregues ao doleiro José Samuel Benzecry, proprietário da casa de câmbio Cruzeiro,
e ele "providenciava a lavagem final dos recursos, convertendo-os
em moeda estrangeira ou nacional, a critério do denunciado Jader Barbalho, remetendo ou não
quantias para o exterior".
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